segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A data social.

Aproxima-se o Natal, enchem-se os centros comerciais, esvaziam-se as carteiras, vemos pessoas gastarem o que têm e infelizmente, o que não têm, como se de prendas caras e vistosas se fizesse o bem estar e a felicidade nos outros 364 dias do ano. É uma altura do ano caracterizada pela união familiar ( dos que se podem e querem unir ), pelo excesso de comida ( da qual grande parte é excesso e acaba no caixote do lixo), pelo visionamento de filmes ( raras vezes repetidos no Natal dos anos anteriores ) e pelo acto simbólico do nascimento do bebé Jesus ( que segundo se sabe nem nasceu nesta data ).

Se formos analisar bem as características do Natal anteriormente enumeradas, repararemos com rápido raciocínio que aquele que deveria ser o ponto mais importante, supostamente claro, é talvez dos pontos menos lembrados; o bebé Jesus. Ora assim sendo, a entrega de presentes, acto simbólico relacionado com o nascimento deste bebé, deixa de fazer qualquer sentido. Parece-me que o dia de natal se tornou um dia de moda, como tantos outros, em que o significado real do dia, passou para último plano, encontrando apenas um caminho para que a economia, se possa aproveitar dessa data para empobrecer ainda mais as pessoas, pessoas essas que têm de "mostrar" estar socialmente bem quando se reúnem em magno encontro familiar.

É tão bom recordar os tempos em que as pessoas recebiam uns sapatos novos no natal e ficavam com um brilho nos olhos e andavam com os sapatos novos semanas a fio com um orgulho estampado no rosto. Hoje em dia vulgarizaram-se as prendas; recebemos prendas pelo natal, pela Páscoa, pela positiva a matemática, por tudo e por nada. Pior que isto ter chegado ao ponto que chegou, é nem sequer pensarmos um pouco que seja, 10 segundos, 5, nas pessoas que não têm sequer possibilidade de ter uma refeição quente no dia de natal. Pessoas para quem uma playstation, uma game-boy, uma viagem ao Dubai ou um carro topo de gama, não significam rigorosamente nada comparando com um prato de comida quente.

Como não posso alterar esta realidade podendo somente lamentá-la, deixo pelo menos um pedido; quando pensarem num presente, lembrem-se daquilo que vos faz viajar de forma barata, que vos dá cultura e desenvolve o vosso espírito crítico e que contribui, mais que quase tudo para o vosso crescimento pessoal. Ofereçam livros.


quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

O meu pós-jantar de curso.

Hoje foi dia de jantar de curso. Hoje foi dia de juntar diferentes gerações, diferentes opiniões, diferentes comportamentos, diferentes tipos de bebidas e diferentes tipos de consequências por ingestão das mesmas. Hoje foi mais um dia de não ir para a discoteca, que como é sabido, é local onde muito raramente me encontrarão. Hoje é mais um dia de breve reflexão.

Recordo-me vivamente dos meus quinze, dezasseis anos. Que idade louca. Recordo-me como se fosse hoje da primeira vez que entrei no RH, no mítico RH. De recordação, trago precisamente o facto de nessa idade não dar uso ao sentido crítico que hoje em dia me caracteriza. À medida que a vida me foi brindando com presentes fora de validade, estragados, podres, em estado de decomposição, caducos, progressivamente foi aumentando o meu afastamento dos espaços lotados de fumo e de inconsciência. Peço desde já desculpa aos casos raros e particulares de postura digna em estabelecimentos nocturnos. Comecei pura e simplesmente a desfrutar de espaços diferentes, mais conscientes, mais regeneradores e que no fundo preenchiam todos os cantos do mapa da minha realização pessoal.

Tantas e tantas vezes lidei com estupefacção da parte de colegas, amigos, conhecidos, curiosos e ignorantes. Jamais me esquecerei do dia, em que na Figueira da Foz, abandonei o meu grupo de amigos a meio de umas férias alcoólicas, para ir fazer o Caminho de Santiago de Compostela. Jamais me esquecerei das suas piadas, das suas ligeiras ofensas, e das suas lamentáveis questões. É neste momento que me recordo da frase: " Portugal tem mais discotecas que bibliotecas".

Na pluralidade que é o ser humano, julgo ter direito a ter uma vida à minha maneira. E penso eu, que não é crime, ser indiferente à existência de discotecas. Penso também não ser crime, deslocar-me a estas muito, muito raramente. Quero acreditar também não ser motivo de julgamento o facto de ler, escrever e reflectir.

Eu sei caros amigos, que o mundo nada beneficia dos meus devaneios. Mas posso garantir-vos que antes da realização universal, vem a realização pessoal, minha, vossa e de qualquer um.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Um Nobel trancado.

Existem países estáveis, países ricos, países pobres, países militarmente potentes, países militarmente medíocres, países com regimes democráticos, países com regimes ditatoriais e no fundo países onde se vive, na verdadeira ascensão da palavra, e onde não se vive. Analisando aquilo que eu, vulgo mortal, conheço da China, vejo um país financeiramente milionário, militarmente capaz de vencer uma guerra contra qualquer outro, mas no fundo, vejo um país de gente infeliz, presa na sua política e na falta de liberdade de expressão, um país de Máfia e de abusadores, de assassinos de crianças à nascença, de mutilações genitais nas mulheres, e onde a última coisa que se pode pensar, é na oposição ao regime.

Liu Xiaobo, dissidente chinês, lutador pelas causas sociais e pela liberdade de expressão num país praticamente impenetrável, foi condenado a 12 anos de prisão efectiva por ter desejado uma vida melhor e em liberdade, para si e para os milhões de chineses que vivem trancados nas suas revoltas. Toda a sua luta foi reconhecida tendo-lhe sido atribuído o prémio Nobel da Paz do ano 2010, prémio este que nem sequer se sabe se ele já teve conhecimento de ter recebido. O seu lugar, na cerimónia de entrega, ficou vazio; o lugar da sua mulher, ficou vazio; o lugar do governo chinês, ficou vazio e ainda pediram o boicote de outras tantas nações a este gesto, o qual consideram uma grande ofensa para a sua China Imperial.

Eu vulgo mortal, através das minhas simples palavras, gostava apenas de neste espaço fazer ecoar o nome de Liu Xiaobo, na esperança que ele saia vivo da prisão onde vive completamente incontactável e possa um dia ter nas suas mãos o tão merecido Nobel da Paz.

Não levando a situação ao extremo da anteriormente relatada com resumida descrição, estarei para ver, quantos Liu Xiaobos portugueses serão silenciados nos tempos que se avizinham em oposições ao governo, principalmente entre os meios de comunicação social. Essa saga já começou...

Eu, em nome do que acredito, nunca me irei silenciar.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Nasci no tempo errado.

Ensinaram-me a viver a vida ao máximo. Ensinaram-me também que não me devo descuidar daquilo que é o mais importante. Segundo esses, o mais importante é a escola e nela encontrarei um bom futuro queira deus e queiram os astros. Mas na escola não aprendi 1% sequer daquilo que já aprendi fora dela. Estranha realidade.

Consome-me o facto de perceber, que vivendo eu a minha vida na amplitude que me é permitida, não consiga em simultâneo obter sucesso nos diversos caminhos e nas diversas batalhas. Consome-me o facto de constatar que serei mais um formatado quando terminar o ensino superior, ensino esse cheio de corrupção, cheio de hipocrisias e desigualdades, cheio de utopia, e tão vazio de crescimento ao nível dos valores humanos.

Felizmente, tive o privilégio de crescer dentro de um grupo escuteiros, que me permitiu ver o mundo como algo que ainda vai a tempo de ser preservado. Infelizmente, muitas vezes é graças a esse mesmo grupo de escuteiros que fracasso naquilo que alguns dizem ser o mais importante, que repito, é a escola. O certo, e mais certo que isto não há, é que no dito ensino superior, o que mais se vê são gerações perdidas, ovelhas tresmalhadas diria Saramago, que no fundo, no meio do álcool e demais substâncias, finalizam mais rapidamente que eu os seus percursos académicos. Quis deus e os astros que assim fosse.

Sinceramente já não sei em que acredite. Sinceramente cada vez mais me sinto um deslocado do seu tempo. Cada vez acredito mais que nasci na década errada. Merda de realidade, esta.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Cedência e rotura.

Na raridade que é a minha vinda a estas paragens, hoje falarei de mim. Não por ser mais importante do que qualquer outra coisa mas simplesmente e por muito estranho que possa parecer, porque também sou gente. Hoje tentei elaborar o meu gráfico de tensão Vs deformação. Hoje tentei calcular o meu módulo de elasticidade, porque no fundo todos temos esta característica inerente à nossa estabilidade. Hoje tentei conhecer um pouco mais de mim.

Tantas vezes já me questionei se sou frágil ou dúctil, e ainda hoje, tantos anos depois de procurar conhecer-me verdadeiramente, não tenho resposta para esta questão. Por vezes julgo ter ponto de cedência perfeitamente distinto do ponto de rotura, mas não poucas vezes me encontro completamente partido no primeiro instante. No fundo, sei que a cedência fala mais alto, e por vezes na minha vida aguento mais do que qualquer provete aguentaria. Contudo, dada a minha elevada contaminação espiritual esporádica, virose que se passa por essas ruas onde circulo, o ponto de rotura aparece antes do esperado. Lá está, valores reais contra valores teóricos. Era tão bom que a teoria fosse sempre linear. Assim fosse, toda gente se amaria pelo mundo e haveria muitos mais " E foram felizes para sempre ". É tudo uma questão de resultados experimentais.

No meu caso, os cálculos estão feitos sem desvio padrão. Desta forma não me assusto com o erro cometido, e continuarei acreditar que sou compreensivo e tolerante com as pessoas. Ou seja, tenho ponto de cedência, seja ele alto , ou baixo. Só lamento cruzar-me no meu caminho com tanta fragilidade e com tanta rotura.

Concluindo, o meu Módulo de Elasticidade é muito reduzido; é preciso puxar, puxar para me conseguir partir. Azar o vosso.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Miseravelmente apáticos.

Hoje é dia de greve. Hoje é dia de protesto. Hoje é dia de tudo e de nada. Hoje é dia de luta mas no fundo é dia de descanso. Hoje é dia de trazer para a rua de uma só vez a calamidade, a vergonha, a pobreza, a mentira, a hipocrisia e a incerteza em que Portugal se tornou. Hoje é dia de mostrar ao mundo que a grande potência do tempo colonial se converteu na pequena colónia isolada na ponta da Europa, que vive à mercê da mentira e de uma pura e arrogante fachada. Bem vindos a Portugal.

Neste país à beira mar plantado, já ninguém acredita na politica. Não adianta acreditar. Tudo funciona na base da mentira, já nem é na base da promessa. É simplesmente na base do omitir, que no fundo é mesmo mentir. Já nem de boas intenções aquele inferno está cheio. Já é demasiado perceptível que as pessoas se desligaram completamente do que se passa politicamente em Portugal, e este país, tornou-se completamente descrente. Ninguém acredita que possam existir pessoas com boas ideias. Porque já são muitos e muitos anos de falsidade, de nojo, de repulsa, perante aqueles que brincam com as nossas vidas.

Dizia um Professor Universitário :" Portugal é um país culturalmente miserável, dos mais miseráveis da Europa, mas continua a ser um país de Doutores e Engenheiros. " Não lhe posso dar mais razão. A fachada com que se vive em Portugal é deprimente. É um país de pessoas que não lêem, de pessoas que não conhecem a sua própria história, de pessoas que quando falam na televisão envergonham todos os dicionários da nossa língua. É um país de encosto, onde trabalhar pelo salário mínimo não vale a pena. É um país de gente muito fraca onde faltam muitos " Senhores Nabeiros" ( para quem é inculto e não sabe quem é o senhor, investigue ).

É um país parado que hoje me tira um dia de Universidade. Pior que isso. É um país que hoje me priva da Biblioteca da minha Universidade. Pior que isso. É um país que tem mais discotecas que bibliotecas.

Senhoras e senhores. É Portugal.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Lembrei-me da morte.

Hoje, casualmente, lembrei-me das minhas recentes leituras, que embora poucas, me ofereceram belas viagens pelo mundo das estranhezas. Imaginem voçês que a morte é de carne e osso, se passeia por este mundo embora que invisível, e nos olha tanto de perto como ao longe com uma indiferença gélida? Mais que isso, imaginem que ela pura e simplesmente decide fazer greve de serviços? Conseguem sequer imaginar o caos mundano que se instalaria diante dos vossos olhos?

Agora de outro ponto de vista, imaginem também, se por acaso essa digna senhora, de seu nome morte, com m minúsculo, porque a Morte, com M maiúsculo ainda estará para vir no fim dos tempos, imaginem se ela decidisse avisar com 8 dias de antecedência que cada um de nós se sucumbiria? Que pânico viveríamos?

Não faz sentido pensar neste tipo de questões, principalmente para quem a morte seja simplesmente um mero acontecimento.

Mas não se esqueçam; o correio também falha e troca destinatários. As cartas registadas que a morte envia...podem chegar ao destino, pela via do destino, ou pela via da derrota.

sábado, 4 de setembro de 2010

Por cada...

Por cada canto, por cada sonho,
Por cada momento seja triste ou risonho,
Por cada hora, por cada segundo,
Por cada espaço seja deste ou outro mundo,
Por cada olhar, por cada palavra,
Por cada frase seja simples ou mais cara,
Por cada imagem, por cada memória,
Por cada miragem que se transformou em história,
Por cada homem, por cada mulher,
Por cada amor do qual se sente o que se quer,
Por cada pai, por cada fruto,
Por cada vida que se transformou em luto,
Por cada mãe, por cada sorriso,
Por cada coisa que se tem do que é preciso,
Por cada mapa, por cada sítio,
Por cada acto de amor ou sacrifício,
Por cada espelho, por cada retrato,
Por cada amigo que se trata com bom trato,
Por cada pão, por cada riqueza,
Por cada bem essencial que tenho à mesa,
Por cada choro, por cada paixão,
Por cada um que faça disto uma canção
Por cada conquista, por cada dor,
Por cada artista que sobe ao palco com fulgor,
Por cada nome, por cada tema,
Por todos vós, para cada um, este poema !

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Regresso ao cais.

Parti sem perceber muito bem porquê. Parti sem me perceber no profundo das minhas incertezas. Parti no fundo, porque sim. Mas afinal não parti. Depois de palavras sentidas de despedida para com aqueles que me haviam marcado no passado ano, agora é hora de, muito resumidamente, dizer: É bom ficar e continuar na vossa companhia, Materiais.

Estou não só com um pé em Guimarães, mas com os dois, até finalizar o curso, seja lá quando for. Estou certo que depois de me ter esclarecido a mim próprio e às minhas próprias convicções, os próximos anos vão ser os melhores da minha vida e quero ajudar a que também sejam os da vossa. Os caminhos fazem-se andando, sei por experiência própria, e por isso caminharei quanto for necessário, carregando com fardos leves e fardos pesados, subindo encostas, descendo vales, não vendo o fim das longas planícies e aproveitando sempre as sombras, raras, para limpar as solas e as pedras do sapato, como o cálculo e a algebra. Mesmo sendo uma frase já conhecida e vulgarizada por todos, com essas pedras construirei um castelo, de grandes alicerces e grandes valores humanos, e esse castelo ninguém senão a morte me poderá tirar, porque esse castelo é a minha vida.

Assim sendo, aqui estou, com um único pensamento: Conseguir!

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Os senhores da terra.

Graças a deus que existem senhores da terra. As árvores não nascem sozinhas, muito menos as couves, as batatas, as cebolas, os alhos, a salsa e por aí a diante. Que seria de nós, vulgos mortais citadinos, apenas doutorados em consumismo descontrolado, se do nada, os agricultores fizessem greve ou simplesmente morressem? Sim, porque este extrato do fundo da cadeia das boas parecenças sociais e humanas está completamente envelhecido. Apesar de eu ser mais um a contribuir para esta estatística, ou seja, não me encontro de forma alguma ligado ao cultivo das terras, sei valorizar, respeitar e acima de tudo neste momento, homenagear os senhores da terra.

Estupidamente, o que sabemos nós sobre sementes? O que sabemos nós sobre plantação de sementes? Será que é só enterrar, deitar água e fez-se chocapic? Ou será que existe uma mestria que nenhuma escola poderá ensinar a não ser a prática e a convivência com as gerações a quem devemos a vida que temos?

Como comeriamos se nos vissemos obrigados a cultivar os nossos próprios alimentos, a manter rigorosos os nossos pastos, a efectuar as matanças necessárias á nossa própria subsistência? Estaria a nossa / minha geração preparada para assumir a sobrevivência dos nossos estomâgos?

É por isso que eu questiono, porque é que as pessoas citadinas na sua maioria, e não me venham com hipocrisias , gozam com a profissão de agricultor, com as populações serranas que mantêm vivos os pastos, e com todos aqueles que trabalham mais na vida do que qualquer médico, enfermeiro, advogado ou engenheiro?

Nunca saberemos as dores sentidas, as peles queimadas, os calos nas mãos, se não passarmos um dia que seja, sol a sol, a dar vida à nossa fértil terra e a colher mais do que um mero alimento...

Obrigado Senhores da terra, que plantam as couves, as batatas, as cebolas, os alhos, a salsa e por aí diante que alimentam os políticos que vos fodem.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Bem ou mal? É relativo...

O espanto domina-me quando sou apanhado em pensamentos invulgares. Desta vez divago no porquê de cada um ser como é. Estranha esta frase, mas no fundo não passa de uma verdade inquestionável para todos os comuns humanos. Cada vez mais acredito que somos um disco rigido na nossa totalidade mas com uma pequena, ou grande diferença: quando queremos eliminar um ficheiro, por vezes demora anos e anos e ainda assim a probilidade de sucesso pode ser quase nula.

Somos o que comemos, somos o que lê-mos, somos o que aprendemos, somos o que ouvimos e acima de tudo eu não acredito na teoria de somos o que quisermos. Desde a nossa nascença estamos limitados a certos caminhos e certas convicções, começando pelo facto de sermos criados num meio cristão, num meio muçulmano, num meio budista ou em qualquer outro meio, das centenas que há por esse mundo fora. Nessa fase primitiva, o nosso disco rigido começa a armazenar informação sobre todas as coisas com as quais lidamos. É nesse momento, que começam as primeiras divergências sobre o que é o bem e o que é o mal. É incrivel pensar nisto, como é que é possivel, entre humanos, supostamente todos diferentes e todos iguais, que haja várias interpretações para duas palavras tão simples como bem e mal?

Eu, por exemplo, irei achar sempre que matar inocentes é errado. Noutras culturas é banal e não se dá importância à poupança de vidas. E acho isso, porque cresci num meio que defendia a vida como bem mais essêncial ao homem. Como vemos, o meu crescimento limitou-me e por muito que eu agora queira apagar da minha cabeça que viver é que é bom, não conseguirei.

No fundo, no fundo, somos um disco rigido que raramente avaria. Quando avaria, a culpa não é dos chips; é de não sabermos colocar um chip em cima do outro.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Ano Xacobeo 2010 - 25 de Julho, dia de Santiago !

Talvez muitos achem que o Caminho de Santiago não mereça tanta importância. Talvez muitos achem que é banal e não poucos pelo mundo espalhados não o conhecerão. Ontem, 25 de Julho, celebrou-se mais uma vez o grande dia de Santiago, com a particularidade de este ser a um domingo, motivo pelo qual o presente ano, é considerado Ano Santo Xacobeo. Como peregrino a Santiago, apesar de não estar presente nas celebrações deste grande dia, vivi interiormente o sentimento de festa, de chamamento, de orgulho, de partilha, de busca e de encontro. É incrivel perceber a dimensão que os caminhos de Santiago adquirem nos dias de hoje, a forma exponencial como crescem, a quantidade crescente de peregrinos que o fazem, e mais assinalável ainda, o número de jovens que se encontram pelos trilhos de toda a península.

Só este ano, já cento e dezoito mil peregrinos cumpriram o seu caminho rumo ao Apóstolo; só no dia de ontem, mais de dois mil peregrinos solicitaram a sua Compostela na ofícina do peregrino. Para quem sabe o que é partilhar , viver e conhecer nos albergues, imaginar estes últimos dias nos arredores de Santiago é algo completamente surreal, mas fantástico.

Em breve será a minha vez, e garanto, que depois de tudo o que tenho visto na televisão em directo da Galiza, tudo farei para ser a experiência mais enriquecedora da minha vida. O mais incrivel no meio de tudo, é que não sendo esta a minha primeira peregrinação a Santiago, sinto-a como se fosse. Sinto que não conheço nada e quero conhecer tudo. Sinto-me a ser sugado para o Caminho. E partirei, com a minha mochila lotada de sonhos e esperança.

Se calhar, afinal, o Caminho de Santiago merece toda esta importância...

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Abaixo sentimentos ! Abaixo sentimentos !

De hoje em diante não extravasarei qualquer sentimento. Salvo rara excepção será o sucedido nos próximos tempos, sendo contudo possível num qualquer isolado arco-irís pós tempestade, vislumbrar um esboço leve de uma espécie de ternura. Não me adianta martirizar-me com dúvidas, elas nunca existem, somos humanos, estamos sempre certos, o nosso ponto de vista é o mais válido sempre, e invariavelemente mandamos com a cabeça na parede no final das contas.

Se por vezes os sentimentos não são percebidos, não poucas vezes também parece que são invisíveis; passam diante das pessoas, mesmo debaixo dos olhos e elas olham para as estrelas, como se delas, ou do alto, viessem mais do que pequenas fracções de meteoros.

Outras ocasiões, são aceites com indiferença, ou por outras palavras, não são aceites. Parece que o acolhimento de alguns sentimentos gera repulsa, como se de uma questão de racismo se tratasse. A propósito de sentimentos nunca imaginei que um slogan de uma campanha anti-racismo se adaptasse tão bem à questão sentimental e como avaliamos as novas pessoas que entram na nossa vida: " Todos diferentes , todos iguais ". Quando assim é, corremos o risco de confundir o amigo de infância com o serial killer do último policial que lemos. Acho que percebem o que quero dizer.

Sentimentos não correspondidos, sinceramente não são problema, se não forem ofendidos na sua simplicidade e na sua inocência. Todos somos livres de gostar. E que falta faz ao mundo, gente que goste a sério de alguma coisa.

Mas como, mesmo sentindo, simples e somente, os mal-entendidos conseguem ser parasítas atrofiantes da vida , pelo visto, de hoje em diante não extravasarei qualquer sentimento.

domingo, 11 de julho de 2010

Simples.

Olhei para o céu que estava cinzento,
já não respirava como em outro tempo,
parei para sentir a dor do momento
e seguir, para onde o coração me levasse,
e esperei, que a chuva passasse por nós...

Caminhei pela calçada, sem rumo e sem nada,
foram dias sem história, uma eterna madrugada,
em que via o teu olhar numa foto imaginada
por mim, que só queria mais que tudo
chegar a um silêncio mudo que nos deixasse
a sós.

Agora sinto o sol a queimar-me em tudo em mim,
sinto a força do que somos, quando parecia ser o fim,
e se um dia te sentires como eu me sinto, assim
simplesmente, a querer ter-te por perto
porque mesmo no deserto, vou ouvir a tua
voz.

sábado, 3 de julho de 2010

O casulo.

No silêncio é onde se dizem as palavras mais correctas, quissá as mais verdadeiras, por certo as mais sentidas. Da vida consigo retirar a existência de duas espécies, nós e quando digo nós refiro-me ao "eu", e os outros e quando digo os outros meto tudo no mesmo saco; os amigos, os conhecidos, os mais ou menos conhecidos, os inímigos e a escumalha. Travamos ao longo da vida um eterna batalha de conquistas e perdas e se querem que vos diga, a pior arma destruídora deste mundo são os filhos da puta dos mal-entendidos. Importante dizer que no saco dos mal-entendidos também coloco uma ou outra coisa; as imcompreensões, as hipócrisias, as mentiras, as suposições sem o mínimo fundamento, os juízos de valor de " advogados " corruptos e outra filha da puta que não á meio de morrer: a falsidade.~

Contudo, quando falamos por sentir verdadeiramente, somos os maiores cabrões da face da terra, somos mentirosos, somos falsos. Se sentindo não falarmos é porque não combatemos com lealdade contra as entranhas da vida, e somos apelidados de novo, de fracos, falsos e mentirosos. Ainda assim, se por acaso um dia se deixa de sentir, falando-se ou não falando, vomitando ou não vomitando aí passamos nós a ser os maiores filhos da puta caminhantes nesta terra. Meus ricos, é a lei da vida. É por isso que ainda mantenho a esperança de um dia conseguir ser um traídor, dos mais nojentos que se vêm pelas esquinas. Assim não tenho de me preocupar com as reacções de ninguém, nem tenho de me justificar perante os meus próprios príncipios.

Até hoje, ser sincero, ser directo, e falar, trouxe-me maior percentagem de merda á vida, do que de sorte. Ainda assim, os 49% correspondentes á sorte devo-os os eternos, que sabem quem são.

Silênciar-me-ei, para sempre, no casulo dos príncipios.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Lamento...

Os livros deveriam ser para o espírito, como o pão é para a boca, já o afirmava Saramago. Por estranho que possa parecer, nos dias de hoje, sou gozado por dar tanto valor a linhas, a páginas, a capítulos, a histórias, e nessa profunda confusão que paira em redor dos espaços onde me movimento, cada vez mais me vejo como um jovem de uma geração perdida. Na mente da maioria dos aspirantes a adultos, em todas as suas dimensões e responsabilidades, desenvolveu-se uma teoria que dissocia a leitura da vida tão atarefada que possuem e onde por exemplo já se eliminou das rotinas o simples sentar num banco de jardim á sombra a ler um livro na maior das descontrações. Hoje em dia expande-se mais a geração dos Nokia Express Music com volume no máximo, dos charros, das mocas brutais, e do fazer sem pensar.

Mas isto sou só eu, deslocado deste tempo nas minhas convicções, a divagar por campos dos quais nada percebo.

Tudo isto, para lamentar a minha entrada hoje numa livraria, e constatar que a subida de 1% do I.V.A. fez com que um livro de 14 euros, passasse para 16 euros e meio. E eu pergunto-me: Que 1% é este? Que contas são estas? É assim que vão tornar a sociedade mais letrada e mais culta? Ou regressamos ao tempo em que a literatura e a educação só estavam ao dispôr das elites?

Lá terei eu que abdicar de mais 2 pequenos almoços, 2 cafés e mais qualquer coisa, para conseguir comprar mais um livro.

Lamento isto e tudo o resto citado, embora só ao de leve.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Ao Miemat !

A todos. Desde Setembro passado, que fazem parte da minha vida, e espero contudo, continuar a utilizar este tempo verbal do verbo fazer, apesar de uma precoce ida por um caminho diferente que eu espero me traga frutos de melhores colheitas. Não me esquecerei de nada nem ninguém, nem mesmo quando o silêncio reinar, porque reinará, como circuntância comum e vulgar da vida, mas ainda assim farei com ele seja interrompido por rasgos de palavras, comunicações e sinais para o norte do país.

Gostaria de me dirigir directamente ás pessoas que me marcaram, embora invisível e silenciosamente:

- Ao Duarte, à Sara, à Joana, à Manuela, à Andreia, um grande obrigado pela companhia de tantos e tantos jantares, de tantas e tantas horas, de tãos bons momentos. Ficam ligados de forma muito especial. Devo confessar que vejo em voçês, a liderança, a moral e a determinação que se pede para vencerem dentro e fora da Universidade e liderarem as batalhas de Engenharia de Materiais.

- À Isabel, à Helena, à Bianca e à Margarida, vizinhas do prédio da frente além de colegas de curso, um obrigado pela vossa simpatia , amizade e apoio. Partilhámos algumas alegrias juntos. As alegrias passam, mas as recordações ficam, mesmo que vagas. Comigo ficarão.

- À Sónia e à Marta, um enorme agradecimento pela paciência que tiveram comigo, e desde já um grande pedido de desculpas por terem ficado na mão em Laboratórios. Com voçês partilhei dos poucos pontos altos de sucesso escolar em Ciências de Materiais I e Física A. Funcionámos muito bem, e voçês vão muito longe com o vosso espírito empreendedor. Obrigado.

- Ao Davide, pelas longas horas de conversa.. Por tanta opinião debatida.. por tanta maturidade da tua parte.. e por toda a tua insumissão perante hipócrisias, que as há em todo o lado, aqui fica um grande abraço de um amigo que estará sempre algures na estrada que te levava á Covilhã.

- Ao Pinto, grande Pinto. Respeito-te muito, e para mim foste das pessoas mais maduras com quem lidei ao longo de todo o ano. És integro, honesto, de convicções fortes, bom conversador, bom observador e bom avaliador do mundo que te rodeia. Aplica-te e verás que vais bem longe na vida. Um eterno obrigado pelas duas tardes em que me ajudas-te a desmontar o meu estáminé em Guimarães; sem a ajuda tinha sido uma semana.

- Para terminar , gostaria de me dirigir a uma pessoa que respeito muito mesmo, e da qual recebo também o mesmo trato. Ao Teck. Jovem, conheci na vida poucas pessoas com a tua capacidade escolar. Completamente abstraído do mundo és capaz de, mesmo sem atenção nenhuma, responder ás perguntas mais estranhas e complicadas... mas isto, quando queres. Saberás com certeza que certas coisas podem dar gosto e cheiro á tua vida, mas que , como todos somos feitos de carne e osso, o corpo tem um limite, o cérebro tem um limite, tu tens um limite. Não queiras passar essa fronteira, porque as malas intelectuais normalmente ficam retidas na alfândega, e tu, acabas sozinho, sem nada, quando um dia tives-te na mão, ou melhor, na cabeça, o tudo que quase ninguém tem. E porque sei que veneras Hip Hop, embora o ouças sempre num sentido de relatos de decadência, eu como mc , escrevi para ti estas palavras:

Orienta sempre a tua vida por caminhos rectos,
Se caminhares envolto em escuro mantém os olhos abertos,
Só tu podes decidir o caminho a percorrer,
rumo ao maior fracasso ou ao maior poder.
Olha bem ao redor para todos os que te rodeiam,
e analisa o que achas que eles para ti anseiam;
se te levam á Vitória por caminhos de Glória,
ou se pintam de negro a tua página de História.
Se é complicado largar? Claro que é tá mais que visto,
Mas tu vais ganhar se gritares alto: NÃO DESISTO.
E eu vou tar aqui para te dar um grande abraço,
quando tu perceberes que tens que dar esse passo !


- E a todos os restantes, de todos os anos do curso, por todos os momentos passados, orgulho-me de ter estudado nesta casa, muito graças a voçês.

E porque a vida continua, e o blog também...

Um até já..de quem estará sempre aqui.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Por tudo, para ti, José Saramago !

Por tudo. Primeiro que tudo o resto, por toda a tua insubmissão, independentemente do tema. Aqui reside para mim, a palavra que mais te caracteriza: insubmisso. Sem nunca te venderes á ideologia de ninguém, sem nunca te condicionares pelo túmulto que as tuas palavras pudessem causar, sem nunca cederes nas maiores controvérsias que enfrentas-te, sem nunca recusares ou esconderes o teu brilhante génio interior, imortalizas-te o teu nome para sempre na nossa cultura, na nossa sociedade e naqueles que te seguiam no teu inconformismo.

Seguis-te o teu rumo por paragens, digamos que, tão tuas, rumo esse criticado por nacionalistas de café, políticos de esquina ou ideólogos de coreto de aldeia, seres condicionados pela visão do seu próprio umbigo e mentalmente limitados, graças á abertura que trouxes-te ao nosso tempo, destapando crenças e denunciando páginas rasgadas.

De ensaio em ensaio, viajas-te em jangadas de pedra, pedra preciosa que ias lapidando ao longo de linhas históricas e eternas, e nem mesmo quando as intermitências da tua morte começaram a dar sinais de si, abdicas-te de nos permitir a leitura do testemunho legítimo e desejado do Caim, que ainda hoje brinca ao gato e ao rato com o amigo com quem partilha a história; os leitores saberão quem é.

Mereces um Memorial, mereces que ensaiem sobre ti, e por respeito ao que nos deixas espalhado pelo mundo em língua portuguesa, mereces que a cegueira que invade constantemente a nossa sociedade se dissipe, e que a lucidez, a verdadeira e pura lucidez, invada a nossa capacidade de pensar, decidir e agir.

Não me despeço sem deixar aqui , uma frase de Pessoa, que também a ti te disse muito.

" Põe quanto és, no mínimo que fazes ".

Por ti, José Saramago.

P.s. - Com todo o respeito, a personagem literária que neste momento mais me ocorre, é o Elefante Salomão, de " A viagem do Elefante ". Após tanto esforço, partiu incompreendido. Do sítio de onde estás, escreve-nos.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Datas !

Hoje é daqueles dias puramente vulgares, como qualquer um, que dura 24 horas, das quais passamos 7 ou 8 a dormir e nas restantes a dar uso ao planeta terra. Com uma pequena diferença; faz hoje 22 anos que a minha mãe me trouxe ao mundo. Obrigado mãe.

Agradeço desde já a todos os que me felicitaram, e indirectamente felicitaram a minha mãe. Espero ter anos de postagens neste ou noutro espaço, ou seja, anos de partilha com todos aqueles que perdem alguns minutos a ler os meus devaneios.

Agradeço também a ti, que me tens acompanhado por estes dias, que tens pintado de aguarelas as telas brancas que atravesso. Parte do fôlego com que apago as velas, é teu. Se de sensações se enchessem baús, contigo já teria inundado uns quantos. Mereces mais, e mais. E pela primeira vez neste blog professo as palavras: Gosto de ti, pelo que és.

Agradeço ao mundo, por ainda me aceitar nesta estrada, da qual apenas vejo a linha do horizonte.

Até já , agora mais reumático.

domingo, 23 de maio de 2010

Noites do parque !

Já é noite e agora tenho um pedaço de atenção, olho para o céu e vejo as estrelas que lá estão, não esqueço o momento em que dizes num segundo, uma palavra , um sonho, que guardo bem no fundo, desta noite, neste parque, que parecia nosso mundo.

Já só penso em abraçar-te enquanto houver luar, já não esqueço esta noite que é para relembrar, já só sinto as palavras ditas com sinceridade, entre olhares que se trocam com tanta cumplicidade, entre gestos, muito simples, que revelam felicidade.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

O cubo de gelo vítima do aquecimento global.

Numa terra bem perto de mim, contrariando ordem natural das coisas, esquecendo a ciência, e escrevendo dessa forma, coisas mágicas, vive um cubo, um escondido cubo de gelo, que no seu mundo se vai mantendo sólido. Vagueia debaixo do sol, enfrenta gotas de chuva, relaxa em sombras quentes, e mesmo assim, todas as suas propriedades se mantêm. Todas as suas moléculas de H2O permanecem compactas e agitação interna entre partículas é muito reduzida. Ou seja, os sentimentos desse cubo de gelo, são quase inacessíveis, indecifráveis, mas existem, sei que existem, consegue-se ver o seu brilho.

Felizmente, nessa mesma terra, existe alguém que sentimentalmente emite para a atmosfera do cubo de gelo pózinhos de prilim pim pim, bastante nocivos para a sua camada de ozono. O combate tem sido constante, diário, momentâneo, e para felicidade desse alguém, está a causar um aquecimento global muito particular neste cubo de gelo. Factos científicos absolutamente revolucionários têm sido constatados. Dentro do cubo, a agitação de partículas tem aumentado, e pequenas gotículas desse gelo têm-se convertido, inacreditavelmente, em pozinhos de prilim pim pim. Mesmo com toda a sua barreira, os espacinhos de partilha do cubo têm permitido uma harmoniosa agressão atmosférica no seu céu, que é o céu de alguém, que quer que o cubo se converta. Esse alguém, com dedicação, sinceridade, e sentimento, tem abraçado incessantemente o cubo a fim de promover uma transferência de energia térmica que contribua também para a mesma causa.

As gotículas que se vão libertando, de tanto brilho que têm, servem de combustível á emissão de pozinhos de prilim pim pim por parte desse alguém, que tem variado nas substâncias afectivas e líricas, disparando por exemplo olhares, como que verdadeiramente confessos de sentimento.
O camada de ozono do cubo, vai absorvendo todos estes ataques, e embora que muito, muito pouco, vai fraquejando. Há gotículas a derreterem, embora invisivelmente, mas há.

Esse alguém, continuará na sua emissão de substâncias. Palavras que se sentem, e não se esquecem são produzidas na sua chaminé. Fumos que se tornam mais densos, mais profundos, e mais fortes são enviados para o cubo de gelo. Este sorri. No fundo tem muitas gotículas que se querem derreter.

Contei esta história, com todos os motores a todo o vapor, e envio-te, fragrância dos nossos pozinhos.

Já só, porque há.

Já não há nada a rasgar,
já só há tudo a construir,
já nem se tem que apagar,
já só se tem que sentir,
já só há espaço em branco,
já só é preciso escrever,
já só há cara de espanto,
já nada aqui quer perder,
porque há vida demais a ter,
porque há coisas demais a ser,
porque há cantos demais a ver,
em ti.

Já nada aqui quer parar,
já tudo aqui quer seguir,
já nada aqui quer fechar,
já só dás portas a abrir,
já todo o céu se inquieta,
já toda a chuva se recolhe,
já tudo aqui se desperta,
já nada faz que me molhe,
porque há tempos demais a ter,
porque há sonhos demais a ser,
porque há gestos demais a ver,
em ti.

Tudo o que não foi, virá,
quando assim tiver que ser.

Tudo o que virá, será,
o que quisermos viver !

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Tempestades !

É triste quando a sintonia nos céus não existe. O sol bem que combate com as nuvens, mas em certos momentos não á meio de sair vencedor. As nuvens intensificam-se, ficam escuras por vezes, carregadas, de semblante pesado e nós aqui em baixo, por muito que procuremos, temos dificuldade em encontrar um único rasgo de sol que nos conforte e nos permita caminhar num trajecto mais brilhante.

Engraçado é perceber que tudo isto pode ser uma personficação dos nossos dias, das nossas vidas, daqueles que se cruzam connosco e que por vezes insistem em tornar cinzentos os nossos passos, impedindo-nos de receber um pouco mais de sol nos nossos lábios. Infelizmente, nuvens, trovões, tempestades e trovoadas, sempre fizerão e farão parte da história da terra, e da história das relações humanas. Compete-nos a nós agasalharmo-nos, aquecermo-nos nos braços daqueles que nos dão brilho e soprar-mos com muita força para a dissipação das nuvens do nosso espaço, esperando sempre conscientes do nosso próprio brio.

Nesse sentido, posso ser o teu guarda-chuva e o teu pedaço de sol, no meio das tempestades, celestes e terrestres?

Estou aqui, tu sabes que estou aqui !

terça-feira, 11 de maio de 2010

2 bilhetes !

Ás vezes por sorte, na lotaria, em sorteios, em banalidades como comprar a revista Maria, ou numa simples embalagem de chocapic, ganhamos vales de viagens ás Caraíbas, á Tailândia, ao Allgarve, ao Museu da esquina, ou até mesmo a lado nenhum. Sabes o que tenho comigo? Dois bilhetes, disseram-me só assim no acto de entrega: Finding your land. Sabes quem me deu estes dois smart box? Eu próprio os criei.

Neles existe de tudo. Viagens, conversas, abraços, sonos, carinhos, e acima de tudo paz e calma.
Nem eu próprio sei o que realmente vem no saco, aliás, segundo o que sei, vêm todos os nossos sonhos. Temos é de saber procurá-los, e lapidá-los á nossa ambição. Também sei que é uma viagem, uma bonita e pessoal viagem!

Gostava de adormecer na partida, não saber para onde vou. Gostava de acordar já em alto mar, ou alto céu, ou alto recanto só meu. Gostava talvez de nem acordar se o sonho, a viagem, a experiência fossem daqueles que dão sorrisos que não saiem da cara. Mas acima de tudo gostava que me acompanhasses.

Acho que no fundo podes ser tu o guia, piloto ou comandante. Tu sabes conduzir perfeitamente as minhas emoções por isso não temo ficar ancorado. Assim serias tu a primeira pessoa a ver afinal o que terá lá dentro o baú. Tens curiosidade? Queres partilhar 20 minutos do teu sono numa viagem?

O dia de partida está mais ou menos alinhavado, e a hora do check-in até podes ser tu a decidir. Não leves muitas malas, senão o barco vai ao fundo. Mas leva máquina fotográfica, os teus olhos. Só me importa que registes na tua lembrança.

Queres o teu bilhete?

Pode ser ?

Olá, estás aí? Ah, ainda bem, tenho-te procurado. Sabes que me tens ajudado? Tens sim. Vamos tomar café? Esta bem , vamos aquele café. Posso-me encostar a ti? Posso mesmo? Está bem, dá-me um abraço. Adoro este silêncio que ouço com a minha barba na tua face. Esta bem, eu não me mexo muito. Abraça-me com mais força.

Ainda que de relance, fito os teus olhos, e ainda que de relance desvio o olhar. Não resisto e fito os teus olhos de novo. É agora; mergulho num oceano em estado meditativo. Mergulho nos rasgos de carinho e caricia que as palmas da tua mão me oferecem. Mergulho no desejo, de que o frio que me entra pelas costas, se converta em calor das tuas mãos, das tuas simples e humanas mãos a percorrerem as minhas costas, e me agarrarem pele, com pele.

Posso tocar a tua face? Posso não parar de tocar a tua face? Mesmo quando estiveres tudo menos perto de mim, eu fico a fazer festas à atmosfera; algures nessa atmosfera, a tua face está em contacto com a minha mão, através de átomos e moléculas e afins.

Estou aqui ainda, e tu aí, aqui.

Encosta-te a mim...

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Casualidades , sorte !

Naquele dia, por algum acaso ainda estava em Viseu, mas em breve deixaria de estar. Eram para aí duas da tarde e o meu autocarro para o norte era ás cinco. Precisava de dinheiro e fui ao banco. Deixei o carro em cima do passeio, passeio que além de ser isso, tinha junto de si uma linha amarela de " proíbido parar ou estacionar ". Ainda assim, arrisquei. Levanto os trocos, saio do banco, e quase choco com uma caixinha da sorte, do tipo , pum, Olá sorte!

Após esse feliz acidente, coincidência, casualidade, ouve Pretexto, para mil e um temas de conversa, desabafos, conversas de café, sorrisos. O menos importante a registar, é que dos trocos levantados, alguns centimos dirigiram-se para pagar um café e um chá.

Momentos depois, lá ia eu, deixando a sorte para trás, e ao mesmo tempo levando-a comigo, para 3 horas e tal de viagem rotineira, mais uns quantos dias de " Inferno " , que graças a "Deus" ainda duram.

Ontem ouve concilio dos Deuses de certo. Á mesa estiveram o frio, a tal sorte, os braços de abraços e 4 olhos brilhantes, penetrantes, entre-abertos, abertos , e fechados por vezes; focados!

Rara foi a vez, em que a paz chegou á minha terra de forma tão calma, tão intocável, durante algumas horas do meu relógio. Tipo, o tempo era, segundo plano. Conheci um olhar, e posso garantir que conhecer um olhar, mas um olhar luminoso, é qualquer coisa de transcendente.

Ainda assim, o relógio não parava, e os braços, os olhos, os sorrisos, os arrepios e a não esquecer, a sorte, foram embora deixando a certeza que estacionamentos em sitios proíbidos afinal podem trazer uma multa saborosa.

Devo também confessar que demorei 5 minutos no banco, e mal tirei de lá o meu carro, apareceu a policia, que multou outros dois que tinham arriscado como eu. Azar para eles, que não tiveram a dupla sorte, nem só uma sorte, se calhar, sorte nenhuma. Eu tive duas. Uma sorte pequena, não ser multado, e outra sorte grande...

Agora, tenho sorte, tenho braços, tenho abraços, mesmo quando não tenho a sorte. Conheci um pouco mais de casualidades. Mas isso pouco importa. Conheci-te mais a ti. E se tiver que estacionar todos os dias no mesmo sitio, para te ver, levanto mais trocos, para uma possível multa, para um café, um chá, braços , abraços, e sentir-te!

domingo, 9 de maio de 2010

Braços de Abraços !

Estou na paragem, não te esqueças!

Esta era a única indicação que tinha no trajecto rumo ao rapto, ou não rapto, ou fuga, ou não fuga, para o quentinho. No carro nem se tava mal, mas lá fora, o frio ia de encontro ao plano de hoje. Encostei na paragem, abri a porta, e subimente o frio deu-me razão e disse-me: Aproveita Filipe, é um belo dia de abraços ! Tendo já braços para abraçar, pé na embraiagem, acelerador, e vamos lá pra esse mundo.

Sou mesmo estupido. Chego ao mundo dos abraços e abro as janelas. Espera, se calhar não sou assim tão estupido. Foi intuitivo. O frio deu-me mais stock de abraços. E os braços que dariam abraços, estavam tão quentinhos que até fecharam olhos para viagens subconscientes de 20 minutos.

Cumpri as ordens do frio. Abraçei incessantemente. Abraçei do tipo ligado. Abraçei do tipo observador. Abraçei do tipo " não quero sair deste mundo ". Abraçei do tipo, lá fora realmente está frio. Abraçei do género: é bom gostar, e abraçar!

Travado um combate com o frio, regressei ao carro, agora com uns braços e mais que uns braços, mais meus, e mais teus.

Estás na paragem, não me esquecerei, de hoje...

Até já, agora.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O enviado !

No alto da freguesia há um fontanário,
no tempo da burguesia era lá o solário.
Maria aparecia aos pobres no alto da cruz,
aos ricos só aparecia em rasgos de luz.
Lavadeiras, lavadeiras,
que conversa para ali vai,
cusquices de interesseiras,
sobre um padre Samurai !

No meio desta aldeia existe um espigueiro,
de espigos deserto, não há quem os colha primeiro.
O anjo aparece e ordena : Ide cultivar;
Por ordem divina o escravo vai trabalhar .
Gente do monte, gente da serra,
Deus será um bom senhor,
se derem o corpo sem qualquer reserva
até mesmo com dor !

Nesta montanha existe o problema do isolamento,
ninguém saber ler, não se cresce por dentro.
Só se aprende ao domingo quando se vai á missa,
Samurai só ensina o que quer tem muita preguiça.
Inocência , Inocência,
quanto és boa para a igreja,
ninguém perde a paciência,
com toda a sua inveja !



Post , contra o analfabetismo que a igreja durante séculos imprimiu nos mais isolados, a fim de que estes nunca se pudessem questionar quantos aos seus valores. Ou seja, comiam do prato que lhes aparecia á frente.

Pois é !

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Batalhas, parvoíces !

No dia em que nasces-te, quantas pessoas morreram? No dias em que morrerás, quantas pessoas irão nascer? Terás tu mais alguma coisa assegurada na tua vida para além da morte? Terás noção que os acontecimentos mais vulgares no mundo é nascer-se e morrer-se?

Recordo-me agora de um livro de estórias que conta a vida de algumas centenas de pessoas. Na sua primeira narração, conta a vida de Adão, Eva, Caim, Abel, Deus e o Diabo, ou Demónio, ou Lucifer, ou os 3, entre outros. Vida Santa tinham estes; segundo á fábula foram os primeiros a pisar o pó, de onde não vieram, e para onde afinal de contas, irião. Ou seja, estes ainda não faziam parte do ciclo da vida: " Do pó nasces-te, ao pó retornarás!". Vida santa repito, porque não se ouvia falar em velórios, funerais, viuvez ( ainda bem para Adão e Eva ), etc. Nunca terão levado ninguém a enterrar e para eles a morte era pura e simplesmente desconhecida. O relato é tão bom e tão sério que consta-se que viveram pra lá de umas centenas de anos. Provavelmente derivado da qualidade das couves da sopa e das alfaces, onde Lucifer ainda não tinha posto as mãos; para já dedicava-se só a maçãs!

Assim, durante algum tempo, foi usar e abusar do sistema reprodutor para povoar a terra, enquanto o altissímo, não se apercebia que tinha uma falha biológica na sua criação; a velhice.

Mas para falar de Biologia, o senhor Deus prefere que falemos do Diabo, esse que se dedicava a frutas e segundo ele será o responsável por todo o mal existente na face da terra.

Questões importantes. Qual é afinal a força e a vontade de Deus, quando a terra está constamente em guerra? Será que Deus está realmente no Céu, mas ao contrário do que pensa o Diabo afinal anda entre nós a passear-se?

Sinceramente cá pra mim, quando Deus decidiu fazer a terra, pôs em modo automático o processo de criação e foi cuchilar, não percebendo que ao mesmo tempo o Diabo fazia o mesmo, e quando acordou, foi estupido ao ponto de pensar que tinha sido ele a fazer esta imensidão sozinho. Se calhar até foi, mas aí é grave, porque o nosso amigo Deus, é também o nosso amigo D... ( melhor não dizer, para não ser censurado).

No fundo. no fundo, o que importa reter, é que nós, mentalmente diversificados, agora que já se nasce e morre, como se fumam cigarros, como se disparam tiros, como se bebe um fino, ou seja, num ápice, fazemos de tudo por aproveitar um pouco que seja, esta breve passagem por este palco onde Deus e o Diabo brincam ás encenações e coreografias.

E ainda bem que por breves instantes o fazemos; não fossem pequenos gestos de afecto, que são raros, e a representação da nossa vida não fazia sentido. Não somos mais que uma virgula na História da terra, mas podemos tentar também deixar lá uma qualquer palavra de esperança.

Eu acredito!

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Anda, tenho um mundo para ti !

Vira a primeira página. Sai de casa, mas agasalha-te! Lá fora pode estar um frio gélido...espera. Vai como te apetecer, pode estar também um calor sufucante que te obrigue a andares desnudo. Desculpa, não quero condicionar a tua vida, vai como te apetecer, mas vai.

Se sentires necessidade olha para trás, vê se não perdes nada, e não te esqueças do caminho que trilhas. Percorre essa calçada medieval, vira á direita para uma qualquer times square que avistes, fixa rostos, fixa sorrisos, decifra olhares, analisa culturas, mas por favor não desistas.

Caminha incessantemente pelos desertos mais áridos que tens ao virar da próxima esquina, mas hidrata-te e alimenta-te; se precisares pára um pouco para descansar e reflectir. Digere tudo em consciência e não a todo o vapor.

Toma, até te ofereço um Pass-Travel, livre trãnsito para desfrutares do mundo, sem limites. Não desperdices, não é todos os dias que podes sair assim de casa e dizeres: " Vou para onde me apetecer"! Continua o teu caminho, e não temas as savanas; observa-as na sua pura inocência e nas suas complexas cadeias alimentares. Elas estão mesmo atrás da duna na qual te bronzeias.

Pareces desmotivado... Não gostas do destino?? Mas que te disse eu? és livre de escolheres o teu caminho.. Totalmente livre. Mas estando nele deixa-te levar. Tenho outra ideia; estás a ver a familia de hipopótamos que está mesmo á tua frente? Não vás por aí. Vira-te no sentido oposto e não páres, corre, corre com tudo o que tens em ti, com toda a tua motivação de chegares a outro mundo.

Que tal? Trouxe-te aqui porque adoro glaciares, é lindo não é? Pena, estão a desaparecer a um ritmo desconcertante. Espero voltar aqui muitas vezes durante a sua existência. Ainda assim, creio na renovação das coisas.

Espera...para onde vais a fugir? Estás cansado? Ok , desculpa se hoje fui exaustivo, mas olha, não me abandones eternamente. Ficarei aqui á tua espera.

Já agora, como te chamas?

O meu nome é Biblioteca!


Ps. Espero um dia, não ter o desgosto, de que as livrarias e bibliotecas sejam raras dada a escassez de leitores. Jovens, façam book rail.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Outra vez , por favor, não!

Boa, mais um livro de Saramago. Foi este o meu pensamento no dia que o Caim apareceu de sinal na testa nas prateleiras das lojas deste Portugal fechado ás opiniões dos outros, e que os obrigam a migrar para locais de expressão mais livre. Pensei tão positivamente porque nos momentos que me alimento das linhas deste grande criador, revejo-me e reflicto muito nas minhas próprias crenças. Questiono-me em mil e uma perguntas com resposta difícil e na maioria das vezes, inconclusiva. Absorvo teorias que podem ser tão falsas como qualquer outra, mas que através de um conflito intelectual saudável me fazem decidir o meu próprio caminho. E assim foi, comprei aquelas 181 páginas de génesis e não só.

Nos primeiros 2 ou 3 capítulos confesso que foi raro o momento que tivesse ficado sem me rir com a forma descomplexada e directa com que Saramago aborda o nome de Deus, a sua personalidade e a sua cara de pau. Se todos falassemos uns com outros assim, no nosso dia a dia, aposto que não haveria tanta hipocrisia e estupidez no mundo, porque todos saberiamos o que realmente pensam de nós e não o que as fachadas de faces mentirosas dizem através de sorrisos forçados e enganadores.

A história desenvolve-se e vai relatando as mil e uma brincadeiras de Deus connosco, como por exemplo, o pedido que fez a Abraão para este sacrificar um filho em seu nome, bem como o ataque que fez a Sodoma extreminando milhares de inocentes, entre muitas outras. Para não leitores de Saramago isto pouco importa.

O que importa, e muito, é a terrivel frustração com que fiquei quando o livro acabou. Que raio de final é este Zé? Tens-me acompanhado sempre nas minhas viagens de autocarro e neste caso quase me apetecia queimar a última página do livro. Porque não disses-te logo de uma vez que Caim ganhou a Batalha com Deus e que este está a soro nos dias de hoje?

Peço desculpa, és dos melhores criadores que já tive o prazer de ler, mas fiquei com água na boca.

Relembro somente que acredito na existência de um criador, mas que como todos os criadores, falha em muitas experiências.

Até já.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Tempo, quem és?

Por vezes, embora raras, deparamo-nos com o nosso pensamento focado em coisas absolutamente vulgares no nosso dia a dia, mas ao mesmo tempo cruciais e condicionantes de como viver.

Não poucas vezes também, achamo-nos incapazes de moldar o nosso tempo aquilo que queremos que ele seja. Começo por perguntar-vos uma coisa: Já pensaram que a duração de um dia é a única coisa absolutamente igual em todos os cantos da terra? O Tempo… provavelmente serão poucas as vezes que se debruçarão sobre ele; o que é para vocês o tempo? De que modo gerem o tempo na vossa vida? Através de relógios? Através do sol? Através de prioridades? Através de valores? O tempo foge-vos? Ou será que é o comodismo que anda sempre atrelado a nós? O que é o comodismo? Existirá uma guerra desde sempre entre o comodismo e o tempo?

Peço-vos que tentem, pelo menos mentalmente fazer um pequeno exercício: imaginem diante de vós 7 recipientes: O do “ Eu”, o de “ Deus”, o do “ Trabalho”, o do “ Vicio”, o dos “ Amigos”, o da “ Família”, e o da “ Preguiça “. De seguida, encham a vossa mão com terra e distribuam-na pelos recipientes.

Que sucedeu? Provavelmente a terra esgotou-se antes de a distribuírem por todos os recipientes. Sabem o que é simbolicamente a terra? É o vosso tempo, são as vossas 24 horas, são os vossos créditos, e por muito que em vez de terem 24 horas, tivessem 25, veriam que ainda assim, a vossa areia não chegaria e teriam enormes dúvidas de quantos grãos por em cada recipiente.

Todo este girar de ideias, pretende alertar-vos que é nesse tempo, que construímos progressivamente uma vida, e tentamos que ela seja feita á nossa imagem, espelhando uma felicidade que tentamos alcançar grão após grão. Obviamente que as prioridades de cada ser humano serão diferentes , muito de acordo com os seus valores. Mas nós, de acordo com os valores nos quais crescemos, não deveríamos valorizar um bocadinho mais certas coisas do que outras? Se fecharem bem os olhos, não sentem “ que o comodismo” nos faz perder pequenos grandes minutos de relações inter-pessoais, de amizade, de passado presente e futuro?

Relembro-vos que o dia tem 24 horas, em todos os cantos da terra. A vida não é aquilo que nascemos, mas aquilo que temos em nós para ser.

Toma, dou-te uma mão cheia de areia, aproveita cada grão.

(Obrigado ViriaTU's, por este devaneio)