Boa, mais um livro de Saramago. Foi este o meu pensamento no dia que o Caim apareceu de sinal na testa nas prateleiras das lojas deste Portugal fechado ás opiniões dos outros, e que os obrigam a migrar para locais de expressão mais livre. Pensei tão positivamente porque nos momentos que me alimento das linhas deste grande criador, revejo-me e reflicto muito nas minhas próprias crenças. Questiono-me em mil e uma perguntas com resposta difícil e na maioria das vezes, inconclusiva. Absorvo teorias que podem ser tão falsas como qualquer outra, mas que através de um conflito intelectual saudável me fazem decidir o meu próprio caminho. E assim foi, comprei aquelas 181 páginas de génesis e não só.
Nos primeiros 2 ou 3 capítulos confesso que foi raro o momento que tivesse ficado sem me rir com a forma descomplexada e directa com que Saramago aborda o nome de Deus, a sua personalidade e a sua cara de pau. Se todos falassemos uns com outros assim, no nosso dia a dia, aposto que não haveria tanta hipocrisia e estupidez no mundo, porque todos saberiamos o que realmente pensam de nós e não o que as fachadas de faces mentirosas dizem através de sorrisos forçados e enganadores.
A história desenvolve-se e vai relatando as mil e uma brincadeiras de Deus connosco, como por exemplo, o pedido que fez a Abraão para este sacrificar um filho em seu nome, bem como o ataque que fez a Sodoma extreminando milhares de inocentes, entre muitas outras. Para não leitores de Saramago isto pouco importa.
O que importa, e muito, é a terrivel frustração com que fiquei quando o livro acabou. Que raio de final é este Zé? Tens-me acompanhado sempre nas minhas viagens de autocarro e neste caso quase me apetecia queimar a última página do livro. Porque não disses-te logo de uma vez que Caim ganhou a Batalha com Deus e que este está a soro nos dias de hoje?
Peço desculpa, és dos melhores criadores que já tive o prazer de ler, mas fiquei com água na boca.
Relembro somente que acredito na existência de um criador, mas que como todos os criadores, falha em muitas experiências.
Até já.
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