sábado, 18 de agosto de 2012

O anti-ódio.

Hoje mergulhei de novo nos meus pensamentos, já com algumas saudades do uso da escrita para libertar as energias negativas e começo precisamente por estas, as negativas, o meu devaneio de hoje. Segundo li algures, não importando no caso a fonte da citação dada a sua casualidade e pouca ciência, o famoso cantor Prince terá dito que não odeia ninguém, porque no ato de odiar desperdiça grande parte das energias que dispõe para viver, e o dispêndio de energias no ódio, é claro está, um grande e efetivo desperdício. Redundante terá sido isto que terminei mesmo agora de escrever, mas talvez tenha o seu sentido, estou em querer. Se calhar é este o motivo pelo qual o mundo não tem força para mudar radicalmente e evoluir num sentido mais proveitoso. As pessoas desperdiçam demasiado da sua energia com ódios e batalhas morais, tendo sempre uma opinião até para aquilo a que não foram chamadas a opinar, e não me venham dizer que isso é ser socialmente interventivo ou qualquer coisa que o valha porque na minha humilde opinião não passa poluição sonora e monopolizadora. Talvez devêssemos focar-nos mais no nosso umbigo e naquilo que podemos proporcionar de positivo ao mundo, porque ou achamos que isto está mau de mais para existir futuro e nós próprios desistimos de contribuir para ele, ou sabemos perfeitamente que um dia no futuro existirão laços nossos a arcar com as consequências da nossa mediocridade, arrogância e prepotência.

 É certo que há pessoas que nos magoam, que nos ferem, que nos humilham, mas ainda assim, a energia que gastamos a odiá-los pode perfeitamente ser canalizada para qualquer coisa de positiva como o amor, como o conhecimento cultural sem julgamento de princípios, como o empreendedorismo responsável e sustentável. Parecem coisas imiscíveis o ódio ou o amor, com o ser-se empreendedor, mas talvez não seja, se tivermos em conta que os nossos esforços em ambos os campos provêm da mesma energia e da mesma força de vontade, acumulada nas nossas crenças, nos nossos sonhos, nas nossas convicções e nos nossos valores. Ainda assim, não nos podemos esquecer que ao longo dos tempos existem pessoas que insistem em deturpar princípios inalteráveis. Talvez tenham nascido sem umbigo e a inveja subiu-lhes ao cérebro.

Talvez devêssemos aprender mais com os peixes do oceano. Se virmos bem, também se matam e esfolam uns aos outros, como na nossa sociedade tanto acontece, os grandes engolem de uma vez dezenas de pequenos como os grandes empresários e apesar desta realidade atroz semelhante à terra, permitem que o seu ambiente de vivência permaneça um encanto, sem auto estradas, sem corrupção, sem vícios tecnológicos ou de estupefacientes , vivendo cada dia ao sabor da maré, da corrente e do oxigénio que as guelras ainda vão conseguindo aproveitar, sem petróleo.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Às vezes bate fundo.

Invariavelmente continuamos apodrecidos. Nem o pingo de esperança que fui nutrindo nos últimos tempos me permite acreditar que o mundo sofra um revés positivo nas carruagens que ele próprio vai conduzindo rumo ao abismo e por muito que me custe, vou no meio dessas carruagens. Imprimi à minha vida profundas alterações, fazendo jus à célebre expressão “antes de tentares mudar o mundo tenta mudar-te a ti primeiro“. Acreditei que do ponto de vista da dignidade, da moral, dos comportamentos e acima de tudo dos sonhos, começava a ganhar forma o meu percurso de lutador anti futilidades mas agora, algum tempo volvido sei que afinal as aparentes vitórias que tinha conquistado não saíram da inércia e eu não passei de um simples sonhador. As pessoas continuam a magoar-se por coisas absurdas, não sabem viver a vida respirando o oxigénio que têm diante de si sem pensar no dióxido de carbono que terão de expulsar no futuro. O dinheiro controla tudo, controla o humor, controla a discussão e pior que tudo isso controla a destruição, resumindo o homem à sua insignificância, à sua falta de carácter e à sua fraqueza de espírito. Pelo menos alguns homens, não sabem ser homens antes de serem economistas.

Por muito que me esforce para conseguir entender os nervos em que a humanidade se afoga e suicida em cada minuto do mundo sereno que gira despreocupado com o resto do universo, não consigo compreender. E mais, o mundo não nos deu razões para isso. Ele não pede que vivamos com pressa, não pede que corramos, não pede que nos matemos porque ele próprio sabe que um dia voltaremos a ser pó. O mundo não pede brusquidão, ofensas, nervosismo, insultos, quem o pede são os homens e não todos, só aqueles que por não terem coragem nem capacidade de singrar na vida do ponto de vista da humildade e de uma conduta digna, socorrem-se do apelo ao caos, de supostos deuses nunca vistos, de dinheiro que arde como qualquer outro papel, dos frágeis. No fundo, o mundo está assim porque os homens se transformaram em vermes.

Com tudo isto a que o mundo já se vendeu, torna-se praticamente impossível um vulgo ser humano fazer o que quer que seja ou convencer alguém de que ainda é possível ser-se feliz. Felicidade, o que é isso perguntam-se a maioria das pessoas porque no fundo, por muito que digam o contrário, já não acreditam que é possível ser-se feliz. Melhor, hoje em dia, dinheiro é felicidade total.

Se calhar sou pouco homem, precisava de um bocadinho mais de tomates para seguir silencioso no meio da multidão sem me lamentar. Se calhar o meu mal é tentar. Se calhar o meu defeito foi sempre acreditar em valores perdidos. Se calhar, simplesmente não percebo nada de pessoas. No fundo talvez nem perceba nada de mim próprio.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

Só por simbolismo.


Recém-chegado a uma simbólica marca e não mais que isso, de duzentos poemas escritos desde o ano dois mil e sete, entre evoluções, retrocessos, entre quedas e o respetivo erguer consequente das mesmas, apraz-me dizer que talvez ainda só tenha escrito uma ínfima parte de tudo aquilo que pretendo deixar em palavras para a posteridade. Talvez o interesse dos outros para com elas seja residual, poderá nem chegar a uma dezena de seguidores da minha poesia, mas ainda assim há algo de motivante que me grita para que nunca deixe de usar as páginas em branco. Talvez não consiga decifrar o porquê do meu interesse pela poesia, mas a sensação que me invade depois de escrever um poema, só por si sem definição, faz sempre valer o tempo dedicado em frente do caderno. Nunca me compararei a ninguém, nem aceito que me comparem com quer que seja, porque as palavras ditas e expressadas por bocas diferentes, por muito que sejam iguais, podem assumir ideias completamente contrárias.



Não posso esquecer que destas duas centenas de folhas já escritas, uma larga percentagem das mesmas foi escrita para ti, que tens sido uma incessante fonte de inspiração e de sonho que no meu caso é condimento essencial ao fluir da minha imaginação. Desde que me fizeste sonhar pela primeira vez, continuamente tens mantido todos os propósitos dos sonhos intactos, fazendo com que eles mantenham o seu sentido próprio, que não se esgota só no ontem ou no hoje. Talvez nem no amanhã se esgote. Continuarei enquanto o corpo me permitir a escrever e a dedicar-te palavras, não necessariamente em rima, porque tu e até mesmo nós, temos feito por merecer que cada página fique registada no nosso álbum de recordações. Escreverei sobre as nossas viagens, escreverei sobre os nossos gestos, sobre a nossa sinceridade e sobre os nossos sonhos.



Sei que posso contar contigo como uma espécie de “ Pilar “ na construção deste pequenino mundo, e desde já agradeço tudo o que tens feito desde que entraste no meu próprio livro de vida. Escreverei como sabes sobre o mundo, sobre o que ele perdeu na dignidade humana, nos valores, na postura e na moral de cada um e estou certo que me compreenderás nesses desabafos, talvez partilhando muitas das opiniões.



Como disse inicialmente este marco é puramente simbólico e não mais do que isso, não é uma meta e muito menos um fim, é apenas uma vírgula entre tudo o que tenho escrito e aquilo que ainda tenho para escrever. Obrigado aos que ainda vão deitando o olho.



Obrigado a ti.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O caminho ainda vive.

Se um dia no passado inconscientemente me fiz à estrada sem saber verdadeiramente o que me movia no fundo, foi através dessa mesma inconsciência que me tornei naquilo que sou hoje e que mantenho a admiração e vício nos Caminhos de Santiago de Compostela. Decidi rebuscar este tema não por nenhum motivo em especial, mas simplesmente porque num dos tantos momentos em que me perco em pensamentos dei por mim de mochila às costas desprendido da crueldade da rotina, a viajar ao mais fundo do mim mesmo, a decifrar as minhas próprias convicções e a preparar-me para correr atrás dos meus próprios sonhos. Cada vez mais acredito, que a experiência do Caminho de Santiago só poderá ser compreendia depois de ser vivida na sua magnitude, na sua unicidade e partilha sincera de vivências. Tive a sorte, como grande parte dos peregrinos terá, de me cruzar desde a primeira vez, com pessoas absolutamente fantásticas, que mesmo estando hoje algures num lugar longínquo da terra, é como se estivessem à distância de um simples flash de memória, um abrir e fechar de olhos.

Apesar de durante as caminhadas por vezes o incómodo físico nos martirizar, é incrível a forma como tudo isso é ultrapassado e esquecido no momento em que se entra nas portas da cidade de Compostela, e mesmo no dia a dia do caminho, o espírito de reabilitação colectiva que reina nos albergues de peregrinos onde nunca falta um gesto, uma palavra ou uma mão que se estende e nos faz superar o desanimo, continuando rumo ao norte no novo amanhecer.

No que me diz respeito haverá pessoas que estarão intimamente ligadas à minha experiência Jacobeia, pelo que aprendi e vivi com elas, e pelo que elas ainda hoje dedicam a esta causa, num espirito de abertura e entrega pouco visto nos dias de hoje. Ainda antes de se dedicarem ao trabalho em prol dos caminhos, partilhei com algumas delas a experiência do ser peregrino, mais que uma vez, pelas terras do Minho e da Galiza. Mais do que uma experiência peregrina afincou-se nos trilhos uma relação de amizade que só algo transcendente poderá compreender e talvez justificar. São amizades que nem os anos, nem a distância conseguirão eliminar e com toda a certeza voltarão a cruzar-se comigo em algum lugar, não necessariamente de mochila às costas, mas com bagagens intermináveis de recordações.

E como não só de passado e caminhadas já efectuadas vive o caminho, e como não só o caminho me trouxe páginas marcantes da minha vida, sonho profundamente voltar e partilhar no terreno com quem me é mais especial, a experiência, a partilha e o espirito albergado naquelas terras. Elsa, é com tanto orgulho que te relato tudo aquilo que já vivi, que simultaneamente adorava que conhecesses algumas das pessoas que me ajudaram no caminho, a hoje em dia ser a pessoa que sou. Tenho a certeza que um dia irás compreender por dentro tudo isto que digo e que tu também recordarás os “ nossos caminhos de Santiago “ como páginas memoráveis da nossa vida e da nossa ligação.

Por fim, quero mais uma vez agradecer, fundamentalmente a todos os que estão ligados ao projecto delicioso que é o Albergue da Recoleta, em Barcelos, no qual se sente com grande simplicidade o espirito voluntário aliado ao espirito peregrino. Tomo a liberdade de referir alguns nomes, na esperança que o sintam como recordação, congratulação e saudade. Filipe, Carlos, Umbelina, muito Obrigado.

Um regresso nas Beiras.

Regresso ao primitivo, regresso a dentro de mim mesmo. Alguns meses após a minha última caminhada por trilhos selvagens, regressei hoje á essência do mundo perdido e esquecido dos mapas e mais uma vez fui completamente surpreendido pela magia agreste e campestre das Beiras. Talvez sejam poucas as pegadas que marcam aquelas terras, talvez menos ainda sejam os interesses em as pisar, o que no fundo até acaba por ser positivo, podendo elas manter-se preservadas dos ainda mais selvagens humanos caminhantes de selvas de betão. É fascinante a imprevisibilidade de cada paisagem, a história cravada em certos recantos como um simples moinho abandonado, que de súbito sob as nossas mãos ganhou novamente vida funcionando na perfeição. Nestas pequenas e rápidas incursões ao verdadeiro mundo natural, alimenta-se exponencialmente o meu sonho de um dia, algures perdido numa vertente montanhesca, surgir o meu lar.

Sensação alucinante é também o facto de nos instantes em que nos deixamos dominar por todo o poder e absorção da natureza parecer que eliminamos da nossa memória a velocidade furiosa e suja citadina, como se todo o mundo cosmopolita não fosse mais que um pesadelo assustador que um lúcifer qualquer nos tem trazido nos sonos. Com isto não quero dizer que as cidades não escondam também recantos mágicos, históricos noutro sentido mais frágil, porque tudo o que o homem semeia, tem também o poder de destruir.

Recentro de novo o meu discurso na surpresa que hoje eu senti ao abrir as portas do carro e me entregar ao desconhecido, ao silêncio, à sensibilidade das árvores escorridas, ao riacho que corre sem tempo nem pressa chegando somente onde tiver de ser. Tudo se transforma harmonicamente e parece um puzzle sem peças em falta, onde todas encaixam em perfeição nos seus respetivos limites. Coincidentemente, estas caminhadas de descoberta têm assumido literalmente esse significado na minha vida e no suporte de muitas das minhas opções de hoje, porque junto de ti, tenho desfrutado e vivido dos sentimentos mais naturais e genuínos que nós enquanto humanos temos capacidade de aproveitar.

Por vezes é difícil conhecermos o mundo sem nos conhecermos a nós mesmos, e será ainda mais difícil acreditarmos em certas coisas se não acreditarmos em nós próprios primeiro. E se hoje venho aqui cantar um simples dia passado na magnificência de uma floresta perdida, é porque tu me tens feito encontrar-me a cada amanhecer e continuar a valorizar as minhas “ antiquadas ambições de felicidade “. Voltámos aos trilhos, voltámos aos origens, e porque o espirito da Linha do Tua se mantém aceso sem que a chama diminua, apetece-me também dizer-te que o meu espirito e a minha confiança nos nossos passos permanece intocável.

Se hoje tudo fez sentido, e o regresso ao mundo me tocou assim, é porque tu também és parte fundamental de tudo isso.

Hoje pela Beira-Alta, amanhã igualmente juntos.

sábado, 14 de abril de 2012

A velha Olaria.

É certo que o mundo é pródigo em condenar ao esquecimento tudo aquilo que nele se torna ultrapassado, tudo o que cai em desuso ou simplesmente deixa de fazer sentido. Talvez pior que isso é sentir que essa mesma condenação advém do facto de essas mesmas coisas já não darem lucro, porque de lucros se constrói o futuro segundo apregoam agora, por muito que esse futuro venha a ser pintado de podridão e falta de moralidade. Tenho acompanhado nos últimos tempos, a história de Cipriano Algor, um Oleiro que vê aos poucos evaporar-se o laboro e o sonho de uma vida, fatalmente condenado face à produção e venda em série das grandes superfícies, que de súbito passam a menosprezar toda a arte, requinte e história que a Olaria traz embutida nos seus rótulos. Este homem que José Saramago nos trouxe, sente-se no fundo como eu próprio me sinto face ao mundo lá fora. Talvez um dia venha a morrer assim mesmo, sem a compreensão de como chegámos a este ponto, em que num segundo deixa de se utilizar o que durante décadas ou séculos fizemos questão de usar apaixonadamente.

Imaginemos nem que só por breves instantes o que sentirá um homem que em toda a sua vida se dedicou a trabalhar o barro nas suas mãos, aperfeiçoando as suas produções com a sensibilidade dos seus próprios dedos, ao ver que sem aviso nem contemplações, o desinteresse comercial atingiu o seu sector, que é como quem diz: isso que tudo fazes já não vale de nada, já não dá lucro, hoje em dia as máquinas trabalham muito mais rápido que tu, não te encomendaremos mais nada. Quer-me parecer que para este homem, o mundo acaba de desabar, porque neste mundo não há espaço para segundas oportunidades nem adaptações às novas realidades. Acabou-se e pronto.

Nesta minha reflexão, peguei no caso do barro, nas mãos de Cipriano Algor, porque acredito que nós mesmos, todos os dias temos o nosso próprio “barro” a trabalhar, mas tal como na história, a generalidade das pessoas escolhe o caminho mais fácil, e como o barro dá trabalho e é preciso minucia, atira-se para trás das costas e escolhem-se os atalhos futuristas. Talvez nunca me venha a vender a certos futurismos, em consciência decidi o que faz sentido na progressão da minha vida, e se progredir me leva ao abismo, então ficarei sentado simplesmente a admirar a paisagem e a alimentar-me de passados que acredito poderem ser ainda muito atuais. Não consigo mais uma vez dissociar-me de um tema que pode perfeitamente ser trazido aqui a terreiro e que talvez venha a ser a grande batalha da minha vida, por muito que vá acumulando derrotas; o amor.

Talvez todos aqueles que ainda acreditem no amor, sejam Oleiros da sua própria felicidade, e necessitem de com muita dedicação e subtileza trabalhar esse Barro não só de vez em quando mas a cada dia, não vá ele resultar numa peça frouxa e frágil, ou queimada de demasiada cozedura. E por muito que as grandes superfícies nos digam que o nosso barro já não dá lucro, haverá sempre algum recanto do mundo, se calhar não tão poucos assim, onde alguém nos quererá preservar e valorizará a nossa essência. O que as novas máquinas produzem, as novas mentalidades, acabarão no lixo, a cada nova primeira fissura.

Eu, todos os dias faço questão de me sentar na minha Olaria, alimentar-me das minhas convicções, trabalhar-te, dar-te novas formas e novas cores, e fazer com que eu seja sempre uma peça importante na tua vida. Com os dedos no barro moldo uma palavra para ti: Amo-te.

segunda-feira, 19 de março de 2012

Ilha desconhecida.

Já ontem nos “dizia” Saramago que as ilhas desconhecidas para passarem a ser conhecidas mais do que serem descobertas têm de se dar a conhecer. E sempre haverá ilhas desconhecidas, se não nos consciencializarmos que nós mesmos o somos enquanto não sairmos de dentro de nós mesmos. É certo que por vezes nas nossas viagens de jangadas corremos o risco de chocar com outras ilhas desconhecidas, que de súbito passam a fazer parte dos nossos mapas, embora o seu conhecimento profundo seja um processo contínuo de redescoberta diária. Talvez eu me tenha tornado para ti uma ilha conhecida porque me quis dar a conhecer sem hesitação ou temor, sentindo que valorizarias esta descoberta, e que em mim encontrarias um novo mundo onde fizesse sentido ficar, viajando e remando pelos outros cantos do mundo.

Passei eu mesmo na porta das decisões à qual não pretendo voltar por estar consciente e seguro de tudo aquilo que me levou a atravessá-la em busca de ti, até porque não é de animo leve e desconfiança instalada que nos fazemos ao mar em busca de uma ilha desconhecida que nos ocupa os sonhos e os desejos. Passar na porta das decisões deu-me força para enfrentar a turbulência do oceano traiçoeiro, sentindo que aos poucos estava a preencher o meu mapa com a rota certa para a ilha e o porto mais importante da minha vida. Gostar é efetivamente a melhor forma de te ter, não no sentido de pertença mas sim no sentido de partilha porque para as ilhas desconhecidas passarem a conhecer-se, têm de partilhar muito mais que uma rota que as une, mas sim toda a sua essência.

Curiosamente, foi a olhar o oceano que passei completamente a porta das decisões, sabendo que estavas ainda muito longe do meu porto, mas sentido porém que a minha jangada teria capacidade de chegar á tua, abraçando-a e dando-lhe todo o valor da ilha que carrego diariamente no meu peito. Andei à deriva sem ir ao fundo, confiante nas coordenadas do meu percurso, conhecendo-me a mim próprio muito bem, até porque para o sucesso de uma viagem ao desconhecido, convém conhecermos o nosso próprio leme como as nossas próprias mãos. O certo é que cheguei.

Tenho a certeza que para ti hoje em dia não sou uma ilha desconhecida, até porque saí de dentro de mim mesmo para poder entrar em ti. Orgulho-me de toda a minha viagem já transformada em nossa, em múltiplos passos pelo mundo, e orgulho-me essencialmente do que somos desde uma praia, uma cartolina, um balão e um olhar. O tempo vai passando e a porta das decisões, lá de longe sorri para mim, feliz pelo rumo que a minha passagem pela decisão deu à minha vida. Somos cada vez mais um pedaço de algo que transcende a generalidade do mundo.

E sabes que mais? Hora após hora, dia após dia, mês após mês…Farei sempre o obséquio de te amar.


Somos tanto*

segunda-feira, 12 de março de 2012

O rapaz caminhante, continua.

O rapaz tem caminhado confiante e sorridente nos seus propósitos, sem esmorecer das suas convicções e fundamentalmente dos seus valores , dos quais se continuará a orgulhar na posteridade, repensando-os é certo, mas chegando sempre à mesma conclusão: Onde irá parar o mundo e a condição humana no dia em que pelo uma pessoa não haja, que os defenda e os tente propagar? Não adianta sequer pensar tão longe, se tão perto e bem ao seu lado o rapaz tem a possibilidade de os por em prática, tratando de dar sentido à grande caminhada no deserto empreendida outrora e devidamente relatada no seu tempo. Hoje o tempo é outro e tem-no sido desde que o rapaz entrou na porta. Hoje é tempo de amar.

O rapaz havia prometido que em dia algum deixaria de fazer, ou pelo menos tentar, proporcionar uma espécie de surpresa, uma espécie de gesto, umas simples palavras a quem mereceu e continua a merecer a sua luta, a sua dedicação e a sua conquista. Por muito que por vezes possa ser em vão, todos os dias se deita a sonhar com o novo dia, com uma nova forma de surpreender, talvez idealizando a fórmula mágica para fazer com que as estrelas brilhem em mil cores, no início uma e depois todas à sua volta, para que destapando os olhos do seu sonho, estes possam reluzir multicolor no seu sorriso, fazendo sempre cada dia valer apena. Sim, por muito que o rapaz tenha entrado na porta, o sonho permanece sonho e a cada dia que passa torna-se maior.

E porque o rapaz caminhante sou eu, e tu sabes, saberás ainda mais que nas minhas limitações, porque ninguém é perfeito e eu muito menos o serei, continuarei a querer proporcionar-te um conjunto de emoções e sensações diárias, horárias e ao minuto, a fazer valer tudo aquilo que defendo junto de ti e dos teus olhos desde o dia que te conheci, a fazer valer-me a mim próprio e àquilo que acredito para o futuro do mundo e de nós mesmos, e acima de tudo porque acredito que mereces muito mais do que a maioria, gostava de nos meus humildes gestos, tornar-te um pedacinho que seja, a pessoa mais feliz do mundo.

Eu o rapaz, continuo aqui do teu lado, para subir montanhas, para fazer voar balões, para cantar ao teu ouvido, para te ouvir, para descobrir recantos do mundo, para falar através de olhares…. Para tudo. Se a vida te continua a surpreender, não tenhas medo, deixa-te levar.

Porque te amo.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A página de encanto.

Talvez a página em branco tenha um tamanho infindável apesar de já tantos capítulos, histórias e memórias terem sido gravados nesta existência que se estende desde aquela praia, aquela esplanada, aquele verão. Quando um dia disse que talvez a última página das coisas nunca o fosse verdadeiramente tão pouco sabia que a minha própria história seria apoiada pelas minhas próprias frases que por sua vez seriam concretizadas por ti, destinatária da página em branco. Não raras vezes me encontro perdido em pensamentos e recordações do momento em que elaborei esse texto que ficará para sempre gravado no nosso álbum de memórias mais querido, aquele que será sempre iluminado por um farol, aquecido com um lume de lareira, preservado com um abraço de uma radial eterna, e que voará para onde formos atado a balões cheios de sensações, emoções e sentimentos. Talvez os arrepios que senti ontem mesmo ao ver aquele sol descer e apontar na nossa direção sejam consequência de todo um sonho que tem sido passo após passo convertido em realidade, vivido acima de tudo com muita dedicação, e cuidado com muito afeto como desde o principio dos princípios te mostrei que merecias.

Estaremos eternamente ligados aquela Barra, aquele paredão, aquele passadiço que serpenteia os limites da areia, aquele por do sol desejado desde Agosto, aquela noite estrelada mar adentro em conversas primitivas que trariam tanto futuro, aquela constelação que talvez seja uma panela talvez seja um gato, aquele farol, hoje convertido em estrela polar. Pergunto-me ainda como é que é possível um principio que não passa disso mesmo, o mais ínfimo começo de algo, conter em si nesse limiar, tantas recordações que fazem o coração trabalhar a todo o vapor. Isto é o amor.

Dar-te a mão hoje em dia de forma segura, abraçar-te e percorrer aqueles lugares na certeza de que a página em branco não só foi um elemento marcante, mas continua disponível para trilharmos a nossa história faz-me arrepiar de felicidade ao recordar o contexto de outrora, o que somos agora e o que no fundo sentimos em nós. As estrelas são testemunhas, ainda hoje e ainda aqui vão sorrindo frequentemente lá do céu.

Talvez a última página das coisas nunca o seja verdadeiramente, talvez por ficar em branco seja a que mais tem para nos contar, porque os nossos sentimentos e os nossos sonhos já deram mais que um livro, e a cada novo respirar tocam na campainha do futuro. Vamos escrevendo e juntos vamos caminhando.


Amo-te sonho.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Lembra.

Desde a aurora das particularidades desta construção sentimental me propus a lutar pela diferença, pela fuga à rotina, pela sinceridade pura, pela entrega verdadeira, pelo sentimento genuíno, pela existência de conversas, palavras e olhares tão pouco usuais nos dias de hoje. Decidi fazê-lo não só porque sim simplesmente, mas porque o amor, o verdadeiro e tão raro amor, o carinho, o respeito e a compreensão que nutrimos e vimos alimentando ao longo de todas as horas e quilómetros o merecem. Tu também o mereces, nós também o merecemos.
Luto porque acredito que a construção de algo sólido depende do trabalho realizado com dedicação e afinco, com crença e gosto na arte de amar, porque amar não é propriamente uma vontade própria, é uma consequência sem explicação de uma química que desata em combustão.

Os tempos mudam, talvez os valores também se alterem embora o lamente, mas a estabilidade e longevidade das afetividades dependerá sempre de algumas condicionantes, excluindo, claro está, a obrigação para o mesmo. Desde logo e á cabeça de tudo, lado a lado, o sentimento e o respeito que têm de ser proporcionais entre si. Mas como o amor não é um frete, não se pressupõe que algum dia o seja, caso contrário não se chamaria amor, terá de existir sempre compreensão, ajuda mutua, confiança, desejo, e uma série de outras tantas coisas caídas em esquecimento que século XXI teimou em trancar. Tudo junto conjuga-se no verbo sonhar. Amar não se limita a viver intensamente o presente, mas também sonhar com o futuro.

Em tudo na vida acabamos por colher o que semeamos, e por vezes acabamos por colher amargo ou apodrecido o que esquecemos de regar e de cuidar e quando damos conta, as árvores morreram, a época delas passou, e a nossa vida transforma-se num oceano de amargura. Ainda bem, que em todos os minutos dos meus dias tenho regado e tenho cuidado de ti, tanto quanto tu mereces.

Amar, esse sentimento indiscritível que é tão difícil de encontrar pelas ruas, é unir esforços para alcançar objetivos individuais e comuns, é não cansar do semblante do outro, é todos os dias encontrar algo novo precioso no seu olhar, é saber redescobrir o próprio desejo, é saber gostar muito mais do que está lá dentro, na caixinha que guarda aquilo de que somos feitos, do que por fora, imagem vulnerável e enganosa de nós mesmos. E eu Amo-te por tudo aquilo que tu és e tens em ti.

Propus-me a construir uma jangada onde pudéssemos atravessar todos os temporais a salvo das coisas banais, e irei, tábua a tábua, mais uma vez, continuar esta construção, porque somos um pedaço de algo que transcende a generalidade do mundo e porque és uma espécie de outra margem de mim, mil vezes mais do que te sei dizer.

Amor é isto, amor somos nós.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A viagem.

Talvez haja de facto viagens absolutamente memoráveis por muito que os lugares sejam revisitados, quando são sentidos com a emoção de quem os sonha como um bem precioso, acabam por se tornar novamente lugares únicos, mágicos, inesquecíveis. Tratámos de viver de uma forma completamente nova os espaços, as ruas, as auto-estradas, os bancos de jardim, as pontes romanas, os castelos e as horas ao longo das quais percorremos tudo isso, lembrando de forma nostálgica um dia passado por estas bandas outrora, quando caminhava no deserto e quando a água parecia não escassear. O Minho tem de facto um encanto especial, uma magia inigualável, recantos únicos onde somos capazes de confessar e partilhar os sentimentos mais escondidos, onde temos a sensibilidade necessária para construir de uma só vez mais um anexo sólido do castelo em que temos transformado a nossa relação, e efectivamente, as pedras do caminho têm contribuído para a solidez dos nossos abraços, e para a realidade dos nossos sonhos.

Os dias foram muito mais que simplesmente um passar de horas, as horas foram muito mais que ponteiros em rodopios incessantes, os rodopios fomos nós entregues á liberdade de percorrer o mundo e voltar tendo os dias e os relógios por nossa conta. Um simples sair, um simples jantar, um simples espectáculo de dança nunca antes visto numa sala esplendorosa, um regressar abraçados numa tentativa de vencer o frio, e o saber permanente que estaríamos ali, sem que nenhum dos dois fosse embora. Dias assim, são dias diferentes do que qualquer outro dia que vivamos na generalidade e no nosso dia-a-dia. Mais do que dezenas de fotografias de recordação, trazemos cada passo guardado, cada olhar trocado, cada expressão séria ou cómica como a quando da utilização dos teus óculos de sol. Mais uma vez, transformamos as pequenas e vulgares circunstâncias, em grandes e profundos momentos. Faz cada vez mais sentido tudo aquilo que o farol da praia da Barra iluminou e ilumina continuamente nas distâncias mais imprevisíveis e inóspitas. Os pequenos gestos e simples palavras que tanto elogiavas recriam-se cada vez mais em capítulos inesquecíveis de um livro continuamente em elaboração. Talvez o livro um dia se venha a chamar Viagens, talvez Tu sejas a minha eterna viagem, e eu a tua.

Fomos, em forma de surpresa ao limite norte do nosso país e curiosamente nestas pequenas e simbólicas fronteiras atingidas percebemos que os nossos limites estão muito para lá da vulgaridade dos pequenos e incertos sentimentos, porque sabemos cada vez mais, olhando fundo os nossos olhares, que somos cada vez mais, uma espécie de margem um do outro.
Talvez tenha sido de facto a viagem da minha vida. Sinto agora mesmo que regressaremos por certo um dia a estas e outras paragens, a repetidas e novas emoções, sempre, construindo em pequenos fragmentos a viagem da nossa vida. O banco de jardim, está lá para nos acolher.

Hoje continuo a dizer, sonho.
Hoje continuo a dizer, quero.
Hoje continuo a dizer, Amo-te.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Dá-me a mão.

Outrora, nos primeiros raios da luz daquilo em que nos havíamos de tornar foram imensas as trocas de opinião coincidentes na maioria acerca de pontos de vista que tínhamos do mundo, das pessoas e em grande parte da decadência moral, chamemos assim, de que tantas padeciam nos dias de hoje. É certo que noutros tempos as pessoas foram habituadas a chegar ao destino pelas estradas que o diabo amassou, cheias de curvas e sem atalhos, duras em quase todos os seus enlaces, mas chegavam e nem por isso esmoreciam dos seus objectivos e dos seus sonhos. Ao menos, no seu trajecto casual ou transpondo para o percurso de uma vida, tinham o privilégio de conhecer realmente o mundo, na sua essência e na sua dignidade. Hoje em dia, constrói-se auto-estradas simplesmente porque sim, talvez sem nos darmos conta que as pontes relacionais cada vez têm uma linha mais ténue. Com grande facilidade hoje em dia se desiste de tudo e de alguém, se apanha o primeiro TGV, e pouco mais do que segundos após, mergulha-se numa outra história de vida, como se a história anterior não tivesse passado de uma mera virgula ou de um mero acaso. A isto mais uma vez chamo ser descartável.

Em ti encontrei uma forma de pensar muito semelhante à minha, critica de uma geração que se entregou à fraqueza do facilitismo e à incerteza do sentimento, que não é capaz de assumir e lutar por uma relação com orgulho e perseverança, e que parece bailar perdida e desorientada ao sabor dos ventos das modas e da escassez de valores. Talvez por isso, sempre preferi ir pelas nacionais do que pelas auto-estradas. Talvez por isso tenhamos já percorrido pedaços de mundo um ao lado do outro, subido montanhas olhando o mundo lá em baixo, olhando o sol que se punha em mais um descanso no horizonte, entre tantas outras vivências. Quando olho para os mais velhos que nos são próximos estou certo que nos seus 25/30 anos de ligação, atravessaram tempestades nas quais de certo se molharam e tiveram de secar. Talvez tenham ganhado gripes e tiveram de as curar, talvez até por vezes tenham caído mas tiveram a força para se levantar. Sozinhos? Creio que não, acredito que tenham dado a mão.

Assim, porque acredito que de facto podemos partilhar das particularidades da vida um ao lado do outro, sei que nem todos os dias serão de sol, mas se tudo no amor fosse fácil, talvez os sentimentos não tivesses sido inventados, nem tão pouco seriamos racionais. Quero construir contigo pedra após pedra a solidez de algo que nos garanta a segurança e o afecto de um lar, a capacidade de em cada novo dia nos compreendermos e nos ajudarmos sem desistir quando as nuvens passarem. Talvez abraçados nos molhemos menos, pelo menos o nosso peito e as nossas emoções estarão salvaguardados. Temos, por tudo aquilo que já vivemos até hoje, a capacidade de chegar mais além, e escrever cada vez mais linhas daquilo a que tu um dia chamaste “algo para a vida “. Tu conheces-me, eu conheço-te. Disseste um dia que sempre sonhaste com algo assim e eu disse-te um dia que sempre sonhei alguém como tu. Vivamos então, fortes, este sonho que transformámos em realidade, porque o sol nunca deixa de existir.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Para mim, o amor.

Observando o mundo que me rodeia como tantas vezes o faço para não dizer constantemente, cada mais sinto apoiada a minha opinião de está instalada nas novas gerações uma crise de valores, crenças e fundamentalmente um crise de respeito pelo bocadinho de dignidade que nos resta enquanto humanos. Não é a primeira vez que dedico algumas linhas dos meus humildes desabafos a expor este meu ponto de vista e regresso porque acho e sempre achei que no amor reside a maior força, o maior suporte e no fundo a melhor forma de caminharmos na vida aproveitando uma pequenina característica com a qual fomos dotados: o sentimento.

Deparei-me recentemente com uma frase que me chamou bastante a atenção: amor não é enjoar de amar. Hoje em dia são raras as pessoas que conseguem viver e desfrutar de uma relação com vontade de vencer as adversidades, que se conseguem redescobrir diariamente e vencer a palavra monotonia, que conseguem desfrutar das coisas mais elementares como um simples olhar que ao longo da vida tem sempre tanto a dizer de novo, que sonham com o futuro a longo prazo e não só com a hora ou a noite seguinte, que fazem planos juntos, sonham criar filhos juntos, que sonham envelhecer a amparar-se mutuamente e a tentar tornar os últimos raios de sol tão jovens e aconchegantes como os primeiros ou ainda mais. Hoje em dia tudo é descartável e entristece-me a falta de perseverança e o pouco esforço da parte das pessoas para construir uma relação assente em sentimentos afectivos. Talvez seja eu que de facto caminho errante nos padrões da sociedade actual, talvez prefira ainda assim manter-me neste meu percurso do qual sempre me orgulharei e no qual teria imenso orgulho que os meus futuros filhos viessem a caminhar.

Com a conjectura actual do mundo, se não procurarmos regressar á essência daquilo que nos constitui, porque nós somos muito mais que ossos, músculos ou órgãos, talvez percamos de vez o rumo e nos tenhamos de render um dia às máquinas e robots que chegarão mais cedo ou mais tarde com o evoluir da tecnologia. Vendo bem, muitos de nós já padecem hoje em dia de um défice daquilo que nos distingue da maioria dos animais: racionalidade e sentimentos. A nossa aproximação à era robótica é por demais evidente e alarmante. Se o mundo caminhar para lá, lamentarei eternamente o futuro das novas gerações. Talvez seja ridículo, estúpido, absurdo eu defender o amor nos dias de hoje, quando hoje os dias parecem ser simplesmente iluminados por economias, auto-estradas, guerras, intrigas, disputas, etc. E o mundo? Que saberão os leitores do mundo das montanhas, do mundo rural onde se cultiva, onde se cresce em harmonia com a natureza, do mundo não cosmopolita que no fundo alimenta o mundo cosmopolita, do mundo em que duas pessoas que se amam conseguem dia a dia construir uma relação na base da partilha, da compreensão, do aglomerar de pequenos momentos, do sacrifício individual transformado em amor conjunto? Que saberão os jovens acerca disso? E querem saber? Descartável, tudo é tão dispensável.

Felizmente tenho do meu lado uma pessoa que consegue ver o mundo com os mesmos olhos que eu, que aceita as pequenas coisas como grandes momentos, e que vive construindo passo após passo o seu sonho, o meu sonho e um sonho comum. A felicidade mais do que estar ao alcance das nossas mãos está à distância do nosso esforço para todos os dias nos compreender-mos e redescobrir-mos, alimentando o sentimento que nos une muito mais que em momentos. O amor está em cada palavra, em cada gesto, em cada lugar e acima de tudo em cada olhar.

Porque tu me fazes acreditar que ainda é possível sonhar com um futuro que valha a pena.
Porque vivendo o presente me fazes sonhar com o futuro.
Porque me amas e porque te amo.