Desde a aurora das particularidades desta construção sentimental me propus a lutar pela diferença, pela fuga à rotina, pela sinceridade pura, pela entrega verdadeira, pelo sentimento genuíno, pela existência de conversas, palavras e olhares tão pouco usuais nos dias de hoje. Decidi fazê-lo não só porque sim simplesmente, mas porque o amor, o verdadeiro e tão raro amor, o carinho, o respeito e a compreensão que nutrimos e vimos alimentando ao longo de todas as horas e quilómetros o merecem. Tu também o mereces, nós também o merecemos.
Luto porque acredito que a construção de algo sólido depende do trabalho realizado com dedicação e afinco, com crença e gosto na arte de amar, porque amar não é propriamente uma vontade própria, é uma consequência sem explicação de uma química que desata em combustão.
Os tempos mudam, talvez os valores também se alterem embora o lamente, mas a estabilidade e longevidade das afetividades dependerá sempre de algumas condicionantes, excluindo, claro está, a obrigação para o mesmo. Desde logo e á cabeça de tudo, lado a lado, o sentimento e o respeito que têm de ser proporcionais entre si. Mas como o amor não é um frete, não se pressupõe que algum dia o seja, caso contrário não se chamaria amor, terá de existir sempre compreensão, ajuda mutua, confiança, desejo, e uma série de outras tantas coisas caídas em esquecimento que século XXI teimou em trancar. Tudo junto conjuga-se no verbo sonhar. Amar não se limita a viver intensamente o presente, mas também sonhar com o futuro.
Em tudo na vida acabamos por colher o que semeamos, e por vezes acabamos por colher amargo ou apodrecido o que esquecemos de regar e de cuidar e quando damos conta, as árvores morreram, a época delas passou, e a nossa vida transforma-se num oceano de amargura. Ainda bem, que em todos os minutos dos meus dias tenho regado e tenho cuidado de ti, tanto quanto tu mereces.
Amar, esse sentimento indiscritível que é tão difícil de encontrar pelas ruas, é unir esforços para alcançar objetivos individuais e comuns, é não cansar do semblante do outro, é todos os dias encontrar algo novo precioso no seu olhar, é saber redescobrir o próprio desejo, é saber gostar muito mais do que está lá dentro, na caixinha que guarda aquilo de que somos feitos, do que por fora, imagem vulnerável e enganosa de nós mesmos. E eu Amo-te por tudo aquilo que tu és e tens em ti.
Propus-me a construir uma jangada onde pudéssemos atravessar todos os temporais a salvo das coisas banais, e irei, tábua a tábua, mais uma vez, continuar esta construção, porque somos um pedaço de algo que transcende a generalidade do mundo e porque és uma espécie de outra margem de mim, mil vezes mais do que te sei dizer.
Amor é isto, amor somos nós.