Achei por bem não deixar as palavras e as emoções guardadas dentro de mim e decidi através delas relembrar e eternizar o fim-de-semana do Gerês. Talvez seja difícil nos dias de hoje encontrar pessoas que consigam desfrutar do mais primitivo e natural com uma sensibilidade e entrega em absoluto desprendimento. Talvez seja raro nas alucinantes corridas da sociedade nas quais vamos passando encontrar quem fortaleça laços, amizades e paixões numa simples montanha, numa simples aldeia submersa, numa simples paisagem granítica, numa simples visão contemplativa do mundo, numa simples escarpa ao mesmo tempo harmoniosa e fatal. Tivemos a simples e humilde capacidade de o fazer nas horas que passámos juntos. Talvez sem nos apercebermos, voltámos diferentes, conhecemos mais o mundo e a nós mesmos e mesmo parecendo isto só teoria, na prática voltámos com uma enorme vontade de lá ficar. Das situações mais interessantes e que recordo com particular nostalgia é o facto de em grande parte do dia quase nos guiarmos pelo sol e não pelas horas propriamente ditas. O dia era nosso, a montanha “ era nossa “, estávamos entregues a nós mesmos e aos trilhos que fossemos optando. Dou particular valor à capacidade que as pessoas têm de se unir, reunir, decidir e viver. De facto fomos uma união transformada em vivência.
Talvez os dias sejam efectivamente o menos importante no meio da recordação, mas sim os momentos vividos com uma subtileza e naturalidade absolutamente fascinante. Desde a viagem para a norte, a curiosidade e vontade de lá chegar, os pontinhos vermelhos no horizonte, as músicas lamexo-apaixonantes, os momentos de paródia em jogos de mímicas, os passeios, as ascensões, o simples olhar em redor, o simples abraço à pessoa mais especial, a simples busca pela fotografia perfeita, o simples amanhecer, o simples entardecer, o simples anoitecer, o colossal céu estrelado que estava na primeira noite onde se decifravam dezenas de constelações que nos faziam reluzir com a convicção de que, abandonar o mundo citadino para nos entregarmos a este mundo real, fazia todo o sentido do mundo.
Queria desta forma, agradecer a todos sem excepção, terem partilhado comigo uma das viagens mais fantásticas da minha vida, em todos os sentidos. Recordo com nostalgia e desejo de voltar, todos os momentos que inventamos no diário da nossa viagem. Por fim, queria agradecer-te em particular a ti, que após longas travessias no deserto com uma mochila carregada de esperanças , hoje em dia caminho contigo, de mão dada e entrelaçada. Nesse caminho tive oportunidade de conhecer todas estas pessoas fantásticas e com elas partilhar também parte do que somos. Considero-me um sortudo, por os caminhos da vida nos terem unido desta forma, tão única e tão especial. Somos.
A todos, foi um prazer cada quilómetro de emoções.
A ti, foi um laço ainda mais fundo que transcende sensações.
Voltemos à estrada.
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