quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Lume.

Vai chegando o Inverno e os dias vão ficando mais curtos e mais gélidos. Vai chegando provavelmente a época do ano em que o lume adquire um significado especial não só pela mistura celestial de cores que nos oferece mas pelo que representa quando observado ao lado da pessoas que mais representa para nós. É a época daquele abraço ainda mais quente, de dar as mãos de forma ainda mais entrelaçada, de olhar os olhos diante de nós e ver a dança de formas que a chama da lareira consegue inventar ao sabor de químicas e do amor. Não consigo porém explicar o porquê de dar tanta importância a uma simples chama, a um simples lume, mágico nos azuis, laranjas, amarelos e vermelhos que inventa prendendo a nossa atenção, libertando a nossa imaginação, pedindo um corpo mais perto, desejando um abraço eterno, como se na imprevisibilidade de uma chama estivesse tudo quanto precisamos para alcançar uma harmonia perfeita. Talvez não faça sentido perder-me em palavras a definir a minha paixão pelo lume de uma lareira, quando no fundo o que eu quero é sentar-me ao teu lado num simples tapete, num mero chão, envolver-nos num cobertor, abraçar-te apaixonadamente e desfrutar de um simples momento de mil cores numa só emoção.

Talvez o Inverno me chame a passear contigo envolvidos em cachecóis e casacos ultra quentes e a desfrutar de uma forma diferente das palpitações interiores e do calor que não arrefece naquilo que sentimos, dentro do nosso gosto particular em desfrutar da subtileza das pequenas coisas tornando-as grandes momentos em toda a medida, inesquecíveis. Sorriremos iluminados pelas luzes de natal com que a cidade tratará de nos iluminar em breve, navegaremos pelas ruas trocando olhares que já nos são tão característicos e tão nossos e recordaremos os dias passados em que olhando de umas escadas para as árvores “ apagadas “ do Rossio dizíamos: espero em breve passear por estas ruas, de mão dada, do teu lado, partilhando o mesmo sentimento comum. E o nosso lume chegou.

Palpita-me neste momento o coração com vontade pegar em 2 ou 3 pedaços de lenha e acender uma fogueira para nós, olhar para os teus olhos reluzentes como um espelho da mágica química da combustão, e dizer-te mais uma vez através de gestos, palavras ou simples olhares, o quanto tu és importante para mim, o quanto eu te imagino em todas as minhas estações e o quanto eu te quero aquecer nos teus Invernos, com a minha presença e com o que sinto, cada vez mais.

Nunca encontrarei nenhuma palavra que defina na perfeição o que sinto ao ver o lume.

Nunca encontrarei nenhuma palavra que defina a magia do que somos. Mas se a há…

Somos.

Abraça-me forte*

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