Teimamos demasiadas vezes enquanto seres dotados de capacidade de decisão, deixar para o dia de amanhã aquilo que podemos fazer hoje, não me refiro somente ao sentido literal da questão, mas a todo o tipo de acções e circunstâncias que insistimos em adiar, na esperança que chegue o dia determinado para determinada coisa. O tempo talvez seja o rótulo mais destrutivo da sociedade na medida em que nos obriga a correr como velocistas anti-emocionais impedindo-nos de no momento certo termos a capacidade de dizer, não é para amanhã, é para agora. Não gosto nem nunca gostarei de desperdiçar oportunidades de dizer o que quero dizer, de fazer o que quero fazer, de ir onde no fundo tenho de ir, porque efectivamente e nada é mais certo do que isso, não sei e não sabemos quanto tempo temos.
Não considero este um ponto de vista negativista da forma como a vida se processa, muito pelo contrário, até porque se sonhamos e queremos mesmo realizar os nossos sonhos convém que trabalhemos com afinco no sentido de criar condições para que algum dia eles se decidam a chegar. Não gosto de sentir que podia ter dito aquela palavra e fiquei em silêncio, tão pouco gosto de sentir que podia ter dado aquele abraço e não cheguei mais perto. Um dia, pode ser tarde. Talvez queiramos recuperar o que deixámos escapar entre os dedos, talvez queiramos agarrar aquela oportunidade que tanto tempo esteve diante dos nossos olhos e agora só vemos o vazio.
Nesse sentido, sei que aproveito todos os segundos, para soletrar emoção a emoção tudo aquilo que sinto, nem sequer pondero não dizer porque se existe é para ser dito e se não fosse para ser dito é porque nem sequer existia e não passava de alucinação. Insisto, nesta cronologia de acontecimentos, não deixar um espaço em branco que podia estar completo, porque tal como ás páginas em branco precisam ser escritas pela vida, a vida é feita de segundos vazios ainda por preencher.
Sonho. Talvez ocupe grande parte dos meus fragmentos de tempo a sonhar, e enquanto assim for, ocuparei os outros fragmentos a lutar por todos os sonhos da minha vida, talvez alimentado pela consciência de que sou capaz de corresponder a todos esses desejos. Como dizia um autor, “não tenhamos pressa, mas não percamos tempo “. Não sei se esperarei um, dois ou vinte anos, mas esperarei o tempo que o tempo me quiser dar. Faz todo o sentido, por exemplo, lutar e esperar por ti.
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