quinta-feira, 29 de setembro de 2011

O rapaz caminhante.


Era uma vez um rapaz profundamente desconectado das futilidades emocionais dos dias de hoje, que vagueava pelo mundo convicto dos seus valores perante o lado sentimental e sonhador de cada um de nós, que de súbito, surpreendido por uma dádiva da vida ou simplesmente do acaso, decidiu realizar a viagem mais importante que alguma vez havia idealizado. Não daquelas viagens onde se somam quilómetros e cenários, mas sim daquelas viagens em busca de uma das coisas mais importantes da nossa existência enquanto seres afectivos. O amor.

Talvez essa seja a travessia mais difícil que fazemos na vida, talvez a mais longa, talvez a mais dura, mas sem qualquer espécie de dúvida é a viagem mais bonita que alguma vez podemos empreender. O rapaz, consciente que este percurso poderia implicar a passagem por vários tipos de realidades e percalços, avanços e recuos, realidades e magias, muniu-se da sua mochila de caminhada, da sua tenda para retemperar e recuperar energia e ânimos mais tristes, do seu cantil de emoções, do seu pequeno fogão de poesia e palavras calorosas e da sua imensa vontade e desejo de concretizar os seus sonhos conquistando por fim a mulher que tanto o faz acreditar que a maior felicidade da sua vida será caminhar nos trilhos futuros ao seu lado. Assim, se fez à estrada.

Como previamente havia pensado, uma das maiores dificuldades nas viagens de um caminhante são as imprevisibilidades meteorológicas que tantas vezes no ramo afectivo tentam dificultar o nosso caminho. O rapaz, fixado no seu objectivo e embora prefira ver sempre o sol a brilhar diante dos seus olhos e dos seus braços, preparou-se interiormente para os dias de chuva, de nuvens, de frio, de ausência e de saudade. Em nenhum momento passou pela cabeça do rapaz dar um único passo atrás, muito pelo contrário, em cada momento de aguaceiros procurava avançar até ao próximo porto seguro onde pudesse encontrar um gesto de conforto e carinho. Bebia então emoções, aquecia-se de poemas e dormia nos sonhos de um dia de sol.

Feliz e desejoso de partilhar os seus pequenos utensílios com o seu sonho, prometeu a si mesmo que se conseguir levar a sua viagem ao sucesso, tornará os dias da sua apaixonante vida eternas surpresas que voam como balões, com o encanto de um simples por do sol, com a loucura de jantar á beira-mar, com a magnificência de uma vista de pico de montanha, com a ligação de dois viajantes que se perdem entre olhares e sentimentos.

Já após várias semanas de viagem, o rapaz encontrou uma misteriosa porta no meio do deserto, a qual pode contornar, circundar, contemplar, mas algo lhe diz que é por ali que ele tem de ficar e que diante dele está a passagem para os seus sonhos. Agora a viagem será outra. Para que conste, o lume do seu fogão subitamente não se esgota neste local, bem como diante da porta existe uma pequenina nascente que alimenta o seu cantil nos momentos de maior saudade. O rapaz decidiu que iria tentar entrar.

Hoje em dia, o rapaz continua a morar na sua tenda sentimental bem juntinho da porta, percorrendo ao longo dos dias a sua envolvência e tentando com o lume do seu fogão moldar a chave de um coração. Hoje o rapaz recorda toda a viagem já realizada, todas as chuvas, todos os sóis, e diz: Hei, ouves-me desse lado? Dormirei aqui ao relento, com o lume do teu coração, até a chave abrir. Espero por ti. Boa noite sonho. Gosto de ti*

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Finalmente.

Se calhar tudo na vida tem a altura certa de acontecer e ainda mais acredito que o acontecer ou não, depende de nós e dos nossos actos em parte, e de conjugações que nos transcendem e ultrapassam em última instância. Provavelmente só agora estaria definido que eu entraria no curso a que no fundo sempre estive destinado, tendo depositado nessa área grande parte dos momentos da minha infância, adolescência e inicio de idade adulta.

Sem dúvida que dissociar a minha vida da prática desportiva seria uma hipocrisia e uma completa falsidade. Enquanto vivo tenho a capacidade de definir o meu próprio caminho, encontrar os trilhos onde os meus passos de facto encaixam, e a partir daí, escrever com dedicação e luta a minha própria história.

Hoje efectivamente sinto-me renascido, conjugação de vários factores da minha vida, que curiosamente se decidiram reunir-se na mesma época, como quem me diz: “ Está na altura de seres efectivamente humano emocional, vive, luta, desfruta “. É certo que ainda tenho um longo caminho pela frente, para nas diferentes batalhas conseguir almejar o sucesso e a felicidade, mas sinto-me confiante, mais do que nunca. Acima de tudo sinto-me estável e se fechar os olhos tentando vislumbrar um rasgo do meu futuro consigo imaginar-me a desfrutar dos sonhos que agora tenho. Irei lutar, muito, com esperança de um dia poder recompensar aqueles que sempre me ampararam nos momentos de dispersão.

Além de memórias passadas, tenho também recordações bem presentes de quem tem marcado estes dias da minha vida, fazendo parte talvez da mudança mais efectiva pela qual passei e consequência da qual espero obter frutos deliciosos. Quero partilhar contigo as lutas da minha vida e fazer parte das tuas próprias batalhas. Tu sabes. Tudo tem ganho outra cor com a tua existência. Sonharei e lutarei.

Não esqueço também todos os colegas e amigos que deixei nos últimos 3 anos espalhados pelo país. Fazem parte daquilo que hoje sou.

Hoje, orgulho-me em dizer que finalmente, finalmente, sou estudante de Desporto.

Hoje sorrio por partilhar dos melhores dias da minha vida contigo.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O tempo.

Teimamos demasiadas vezes enquanto seres dotados de capacidade de decisão, deixar para o dia de amanhã aquilo que podemos fazer hoje, não me refiro somente ao sentido literal da questão, mas a todo o tipo de acções e circunstâncias que insistimos em adiar, na esperança que chegue o dia determinado para determinada coisa. O tempo talvez seja o rótulo mais destrutivo da sociedade na medida em que nos obriga a correr como velocistas anti-emocionais impedindo-nos de no momento certo termos a capacidade de dizer, não é para amanhã, é para agora. Não gosto nem nunca gostarei de desperdiçar oportunidades de dizer o que quero dizer, de fazer o que quero fazer, de ir onde no fundo tenho de ir, porque efectivamente e nada é mais certo do que isso, não sei e não sabemos quanto tempo temos.

Não considero este um ponto de vista negativista da forma como a vida se processa, muito pelo contrário, até porque se sonhamos e queremos mesmo realizar os nossos sonhos convém que trabalhemos com afinco no sentido de criar condições para que algum dia eles se decidam a chegar. Não gosto de sentir que podia ter dito aquela palavra e fiquei em silêncio, tão pouco gosto de sentir que podia ter dado aquele abraço e não cheguei mais perto. Um dia, pode ser tarde. Talvez queiramos recuperar o que deixámos escapar entre os dedos, talvez queiramos agarrar aquela oportunidade que tanto tempo esteve diante dos nossos olhos e agora só vemos o vazio.

Nesse sentido, sei que aproveito todos os segundos, para soletrar emoção a emoção tudo aquilo que sinto, nem sequer pondero não dizer porque se existe é para ser dito e se não fosse para ser dito é porque nem sequer existia e não passava de alucinação. Insisto, nesta cronologia de acontecimentos, não deixar um espaço em branco que podia estar completo, porque tal como ás páginas em branco precisam ser escritas pela vida, a vida é feita de segundos vazios ainda por preencher.

Sonho. Talvez ocupe grande parte dos meus fragmentos de tempo a sonhar, e enquanto assim for, ocuparei os outros fragmentos a lutar por todos os sonhos da minha vida, talvez alimentado pela consciência de que sou capaz de corresponder a todos esses desejos. Como dizia um autor, “não tenhamos pressa, mas não percamos tempo “. Não sei se esperarei um, dois ou vinte anos, mas esperarei o tempo que o tempo me quiser dar. Faz todo o sentido, por exemplo, lutar e esperar por ti.

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Outras Viagens.

Existem certos momentos da vida em que ela de facto nos surpreende contrariando as previsibilidades e tornando de facto as pequenas coisas ou chamemos-lhe pequenas viagens, únicas. Talvez haja de facto viagens que se fazem sem sequer sair do mesmo espaço, sem sequer abandonar aquele instante que em forma temporal se chama segundo e sem ser necessário para alcançar o destino mais que um olhar sincero, que não se desviando penetra em nós de forma desértica, amazónica, ficando ali , naquele fragmento de tempo e espaço, a imensidão ao dispor dos passos dos nossos sonhos. O mundo por vezes está tão perto, tão dentro de nós mesmos, tão dentro do que está diante dos nossos olhos, que por vezes até receamos abraçar intensamente o caminho que queremos para nós.

Longe das selváticas auto-estradas, dos trilhos montanhosos em forma serpente, efectivamente deslumbrantes, das rectas fascinantemente monótonas das planícies, há espaços que se tornam paraísos da emoção, para onde viajar adquire uma dimensão que nos transforma em voadores, alpinistas, meros caminhantes do sentir, do desfrutar, do absorver, do sonhar e do realizar. Talvez nestas viagens em que caminhamos com os sonhos sem pensar nos destinos, descubramos que se queremos realizar sonhos, tenhamos de os acompanhar a fim de os conhecer, de nos darmos a conhecer também a nós, para por fim, os podermos finalmente conquistar. Talvez um simples abraço seja um percurso inesquecível.

Sabemos que viagens destas podem não ser horárias, nem sequer diárias, nem precisam de o ser, viagens destas, quando vividas perduram por horas e dias consecutivos como batimentos cardíacos, um atrás do outro, a dar-nos razões para que a vida faça realmente sentido e para que o sentido não seja só consequência do batimento de um, nem tão pouco do batimento do outro, mas resultante do batimento dos dois. Há momentos que não merecem explicação, e que têm o poder de em simultâneo suspender e acelerar os ponteiros do tempo. Há viagens que de facto são momentos, e que um a um, nos fazem sonhar ainda mais.

A vida também é feita destas viagens transformadoras de sentimentos e afectos que nem sempre as paisagens precisam de engrandecer. Bastamos nós para tornar imensos os pequenos espaços, as pequenas coisas, as pequenas chamas, os pequenos sonhos e os pequenos segundos que quem dera, fossem sempre longas horas. Sonho transformar e multiplicar sentimentos em ti, viajar por toda a espécie de viagens, as literais e as emocionais, para que mais do que caminhar ao lado de ti, te possa dar a mão, rumo a um mesmo sonho comum. Vem viajar.

domingo, 11 de setembro de 2011

A carta que tinha de te escrever.

Se tivesse de neste momento confessar o momento da minha vida em que mais me senti surpreendido ao conhecer uma pessoa, não hesitaria em dizer que foi o momento em que te conheci. Estaria horas se fosse possível para te descrever, na tua capacidade de conseguir colocar as coisas no devido lugar, na tua sensibilidade de colocar os lugares nas suas importâncias, e na tua forma de transformares as importâncias em momentos. Foste, até hoje, a pessoa mais pragmática e directa que conheci nas encruzilhadas da vida, capaz de interpretar as realidades como elas efectivamente são e agir em conformidade com a tua forma de ser, os teus valores, e aquilo em que acreditas, sem te venderes às ideias gratuitas e descartáveis da generalidade das pessoas que se vão cruzando connosco.

Tens sonhos, tens ambições, e mais do que isso, tens um crença enorme em ti que se sente na energia que irradias e transferes para quem está do teu lado e na força que consegues transmitir. Fascinante no meio de tudo isto que já vou dizendo, é sentir que no fundo, tens um absurdo carinho por aqueles que te rodeiam e te envolvem, ainda que nem sempre o demonstres da forma mais literal, mas no fundo é da forma mais genuína, porque és efectivamente tu.

Tens uma capacidade fascinante de me tocar nas minhas quebras e nos meus picos. É díficil por vezes compreender-me e estar "lá" quando realmente preciso daquele abraço, daquele gesto, daquela palavra e daquele olhar, mas tu consegues decifrar-me nas minhas fraquezas, nos meus sonhos, nas minhas viagens, nas minhas ambições. Sonhei, desde que me lembro de sonhar, encontrar uma mulher que não fosse egoísta e quisesse partilhar comigo todas as dimensões da vida, que por vezes é tão complicada e na qual tanto precisamos de carinho. Sonhei encontrar aquela pessoa que sabe quando preciso do abraço intenso. Sonhei eu próprio estar "lá" para a elevar das quebras tão constantes no caminho que percorremos diariamente. Sonhei efectivamente amar, que é isso, mais do que tudo. Sonhei, quase toda a vida, fazer uma viagem como a que fiz contigo, como sendo a primeira de muitas.

Nunca deixes de ser a pessoa que és, com todas as virtudes e defeitos que possas ter. Sonhei desde sempre encontrar uma pessoa como tu, e encontrei-te.

Sonho que os meus sonhos sejam os teus também.

Quero fazer-te feliz*

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Sentidos.

Talvez haja momentos em que os sentidos da vida não mereçam explicação, isto é, se a vida realmente tiver sentidos, embora ainda assim deposite alguma simpatia na teoria que defende que o sentido de todas as coisas está no quão conseguem ser surpreendentes. Talvez haja momentos em que a surpresa bate à porta, entra sem pedir licença e recupera toda a claridade perdida ao longo das rotinas e da lamentável vida de insatisfeitos que geralmente carregamos como um fardo, quando devia ser uma dádiva.

Talvez devessemos repensar diariamente os nossos principios e compreender o porquê de sermos dotados de emoções e sentimentos; talvez esse seja no fundo o sentido de caminharmos dia a dia em busca de novos sóis e novas luas.

Estou certo, sem talvez, que o papel dos sonhos no sentido da vida, é o papel dos sentimentos no sentido dos sonhos: se sentimos, sonhamos, se sonhamos é porque queremos, se queremos iremos lutar, e se lutarmos corremos o positivo risco de que tudo ganhe um novo sentido.

Talvez percamos demasiado tempo parados, inertes, e tempo é tudo aquilo que podemos um dia desejar, precisar e não ter.

Talvez sonhar nos obrigue a continuar a caminhar, a sorrir, a abraçar, a sentir, a olhar e a perceber que as emoções são realmente a única coisa que nos toca e que quando um dia partirmos apenas elas terão o poder de ficar eternamente dentro de nós. Se eu partisse agora, estaria repleto de sentidos, como quem descobriu o mundo num abrir e fechar de olhos. Talvez sentir alguém seja o mais puro sentido de tudo. Talvez olhar-te me tenha feito compreender a vida.

Não quero perder tempo. Não quero queimar segundos, apenas dois me bastariam para dizer, gosto de ti.

Talvez até façamos sentido. Talvez não, Fazemos.

Talvez queira viver a constante surpresa que somos. Talvez não, Quero.

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Viagens.

Talvez haja viagens de um dia, que parecem um ano, dignas de uma crónica, talvez mesmo até de um livro, de uma canção ou simplesmente de um lugar eterno na nossa memória. Talvez haja viagens, das simples, sem malas, apenas com duas pessoas dispostas a desfrutar da paisagem, a comunicar muitas vezes mais do que com palavras, com silêncios cortados apenas por sorrisos de olhares trocados. Talvez haja viagens que se sonham de um dia para o outro, e mesmo que o sonho seja pouco, essas viagens são tudo num só trajecto. Talvez sejam viagens que marcam a vida.

Sonhei uma viagem dessas para nós. Uma viagem de dois cúmplices que comunicam mais do que milhares de sentimentos não verbalizando rigorosamente nada. Uma comunicação que transcende o alcance das palavras. Uma comunicação que só está ao nosso alcance, porque há qualquer coisa em nós. Sonhei levar-te, mostrar-te o mundo que pisei, a terra que de certo voltarei a pisar, espero que também na tua presença. Sonhei surpreender-te com lugares mágicos, onde o mundo pára, e onde percebemos que afinal, partir, nem que seja só por um dia, pode ser mais importante do que trinta mil ascensões ao Everest.

Talvez nem trinta mil dias sem falar contigo me fariam esquecer-te. Quero viajar contigo. Quero partilhar sonhos e emoções, vivê-los a teu lado, nessa cúmplicidade caracteristica de jangadas do mesmo oceano. Quero surpreender-te, dia após dia, ser a estrela cadente que nunca estás à espera, e que mesmo quando ausente, volta sempre.

Deixa-te levar, vamos viajar.