segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

A página de encanto.

Talvez a página em branco tenha um tamanho infindável apesar de já tantos capítulos, histórias e memórias terem sido gravados nesta existência que se estende desde aquela praia, aquela esplanada, aquele verão. Quando um dia disse que talvez a última página das coisas nunca o fosse verdadeiramente tão pouco sabia que a minha própria história seria apoiada pelas minhas próprias frases que por sua vez seriam concretizadas por ti, destinatária da página em branco. Não raras vezes me encontro perdido em pensamentos e recordações do momento em que elaborei esse texto que ficará para sempre gravado no nosso álbum de memórias mais querido, aquele que será sempre iluminado por um farol, aquecido com um lume de lareira, preservado com um abraço de uma radial eterna, e que voará para onde formos atado a balões cheios de sensações, emoções e sentimentos. Talvez os arrepios que senti ontem mesmo ao ver aquele sol descer e apontar na nossa direção sejam consequência de todo um sonho que tem sido passo após passo convertido em realidade, vivido acima de tudo com muita dedicação, e cuidado com muito afeto como desde o principio dos princípios te mostrei que merecias.

Estaremos eternamente ligados aquela Barra, aquele paredão, aquele passadiço que serpenteia os limites da areia, aquele por do sol desejado desde Agosto, aquela noite estrelada mar adentro em conversas primitivas que trariam tanto futuro, aquela constelação que talvez seja uma panela talvez seja um gato, aquele farol, hoje convertido em estrela polar. Pergunto-me ainda como é que é possível um principio que não passa disso mesmo, o mais ínfimo começo de algo, conter em si nesse limiar, tantas recordações que fazem o coração trabalhar a todo o vapor. Isto é o amor.

Dar-te a mão hoje em dia de forma segura, abraçar-te e percorrer aqueles lugares na certeza de que a página em branco não só foi um elemento marcante, mas continua disponível para trilharmos a nossa história faz-me arrepiar de felicidade ao recordar o contexto de outrora, o que somos agora e o que no fundo sentimos em nós. As estrelas são testemunhas, ainda hoje e ainda aqui vão sorrindo frequentemente lá do céu.

Talvez a última página das coisas nunca o seja verdadeiramente, talvez por ficar em branco seja a que mais tem para nos contar, porque os nossos sentimentos e os nossos sonhos já deram mais que um livro, e a cada novo respirar tocam na campainha do futuro. Vamos escrevendo e juntos vamos caminhando.


Amo-te sonho.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Lembra.

Desde a aurora das particularidades desta construção sentimental me propus a lutar pela diferença, pela fuga à rotina, pela sinceridade pura, pela entrega verdadeira, pelo sentimento genuíno, pela existência de conversas, palavras e olhares tão pouco usuais nos dias de hoje. Decidi fazê-lo não só porque sim simplesmente, mas porque o amor, o verdadeiro e tão raro amor, o carinho, o respeito e a compreensão que nutrimos e vimos alimentando ao longo de todas as horas e quilómetros o merecem. Tu também o mereces, nós também o merecemos.
Luto porque acredito que a construção de algo sólido depende do trabalho realizado com dedicação e afinco, com crença e gosto na arte de amar, porque amar não é propriamente uma vontade própria, é uma consequência sem explicação de uma química que desata em combustão.

Os tempos mudam, talvez os valores também se alterem embora o lamente, mas a estabilidade e longevidade das afetividades dependerá sempre de algumas condicionantes, excluindo, claro está, a obrigação para o mesmo. Desde logo e á cabeça de tudo, lado a lado, o sentimento e o respeito que têm de ser proporcionais entre si. Mas como o amor não é um frete, não se pressupõe que algum dia o seja, caso contrário não se chamaria amor, terá de existir sempre compreensão, ajuda mutua, confiança, desejo, e uma série de outras tantas coisas caídas em esquecimento que século XXI teimou em trancar. Tudo junto conjuga-se no verbo sonhar. Amar não se limita a viver intensamente o presente, mas também sonhar com o futuro.

Em tudo na vida acabamos por colher o que semeamos, e por vezes acabamos por colher amargo ou apodrecido o que esquecemos de regar e de cuidar e quando damos conta, as árvores morreram, a época delas passou, e a nossa vida transforma-se num oceano de amargura. Ainda bem, que em todos os minutos dos meus dias tenho regado e tenho cuidado de ti, tanto quanto tu mereces.

Amar, esse sentimento indiscritível que é tão difícil de encontrar pelas ruas, é unir esforços para alcançar objetivos individuais e comuns, é não cansar do semblante do outro, é todos os dias encontrar algo novo precioso no seu olhar, é saber redescobrir o próprio desejo, é saber gostar muito mais do que está lá dentro, na caixinha que guarda aquilo de que somos feitos, do que por fora, imagem vulnerável e enganosa de nós mesmos. E eu Amo-te por tudo aquilo que tu és e tens em ti.

Propus-me a construir uma jangada onde pudéssemos atravessar todos os temporais a salvo das coisas banais, e irei, tábua a tábua, mais uma vez, continuar esta construção, porque somos um pedaço de algo que transcende a generalidade do mundo e porque és uma espécie de outra margem de mim, mil vezes mais do que te sei dizer.

Amor é isto, amor somos nós.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A viagem.

Talvez haja de facto viagens absolutamente memoráveis por muito que os lugares sejam revisitados, quando são sentidos com a emoção de quem os sonha como um bem precioso, acabam por se tornar novamente lugares únicos, mágicos, inesquecíveis. Tratámos de viver de uma forma completamente nova os espaços, as ruas, as auto-estradas, os bancos de jardim, as pontes romanas, os castelos e as horas ao longo das quais percorremos tudo isso, lembrando de forma nostálgica um dia passado por estas bandas outrora, quando caminhava no deserto e quando a água parecia não escassear. O Minho tem de facto um encanto especial, uma magia inigualável, recantos únicos onde somos capazes de confessar e partilhar os sentimentos mais escondidos, onde temos a sensibilidade necessária para construir de uma só vez mais um anexo sólido do castelo em que temos transformado a nossa relação, e efectivamente, as pedras do caminho têm contribuído para a solidez dos nossos abraços, e para a realidade dos nossos sonhos.

Os dias foram muito mais que simplesmente um passar de horas, as horas foram muito mais que ponteiros em rodopios incessantes, os rodopios fomos nós entregues á liberdade de percorrer o mundo e voltar tendo os dias e os relógios por nossa conta. Um simples sair, um simples jantar, um simples espectáculo de dança nunca antes visto numa sala esplendorosa, um regressar abraçados numa tentativa de vencer o frio, e o saber permanente que estaríamos ali, sem que nenhum dos dois fosse embora. Dias assim, são dias diferentes do que qualquer outro dia que vivamos na generalidade e no nosso dia-a-dia. Mais do que dezenas de fotografias de recordação, trazemos cada passo guardado, cada olhar trocado, cada expressão séria ou cómica como a quando da utilização dos teus óculos de sol. Mais uma vez, transformamos as pequenas e vulgares circunstâncias, em grandes e profundos momentos. Faz cada vez mais sentido tudo aquilo que o farol da praia da Barra iluminou e ilumina continuamente nas distâncias mais imprevisíveis e inóspitas. Os pequenos gestos e simples palavras que tanto elogiavas recriam-se cada vez mais em capítulos inesquecíveis de um livro continuamente em elaboração. Talvez o livro um dia se venha a chamar Viagens, talvez Tu sejas a minha eterna viagem, e eu a tua.

Fomos, em forma de surpresa ao limite norte do nosso país e curiosamente nestas pequenas e simbólicas fronteiras atingidas percebemos que os nossos limites estão muito para lá da vulgaridade dos pequenos e incertos sentimentos, porque sabemos cada vez mais, olhando fundo os nossos olhares, que somos cada vez mais, uma espécie de margem um do outro.
Talvez tenha sido de facto a viagem da minha vida. Sinto agora mesmo que regressaremos por certo um dia a estas e outras paragens, a repetidas e novas emoções, sempre, construindo em pequenos fragmentos a viagem da nossa vida. O banco de jardim, está lá para nos acolher.

Hoje continuo a dizer, sonho.
Hoje continuo a dizer, quero.
Hoje continuo a dizer, Amo-te.