A imprevisibilidade da vida é uma coisa fascinante. Não fosse isso e talvez vivessemos constantemente embuídos num tédio existencial que nos faria desfrutar das pequenas coisas simplesmente por sobrevivência e pura rotina. Ainda bem que assim não é, não fossemos nós tornar este caótico e apodrecido mundo ainda menos renovável, nas suas esperanças e nos sonhos de cada um, leme de toda a humanidade. Infelizmente nem todas as esperanças são para bem dos comuns mortais e por vezes damos por nós encalhados já sem sequer acreditar nos sonhos. Graças a nós, humanos, não falta excepção para toda a regra.
Voltando ao ponto inicial, o da imprevisibilidade da vida, supreende-me o facto de acontecimentos biológicos, geológicos e humano-afectivos se relacionarem quase na perfeita medida. Tal como na crosta terrestre quando menos esperamos existem sismos, vulcões, fendas, que renovam drásticamente realidades anteriores, também nas plantas depois da pétala velha vem pétala nova, obviamente não sabendo nós se param no bem-me-quer ou no mal-me-quer. O incontornável é que se renovam nem que com mágicas adaptações bem fundamentadas por Charles Darwin. A isto compara-se por fim a vida humana, nos seus dilemas e nas suas infinitas incertezas.
Talvez hoje em dia acredite que cada um de nós é um pedaço de terra e de vida no mesmo sistema, que morre e renasce com as luas e com os sóis respectivos, que tantas vezes parece em definitivo condenado ao fracasso reerguendo-se no último sopro, mesmo quando já caídos no abismo, se é que essa queda não é simplesmente fraqueza da nossa imaginação.
Quero com isto dizer que os muros das lamentações foram das invenções mais absurdas do mundo, porque com ou sem lamento, a vida reinventa-se a si própria, se nunca deixarmos secar a tinta da caneta com que todos os dias se escreve a nossa história. Mas a história não se repete, por muito que o conteúdo seja semelhante a página é sempre nova. Não lamento por isso o passado, mas sonho muito com o futuro. Por estes dias até demais.
Que a imprevisibilidade de todas as coisas me supreenda, e que, na pétala sim, pétala não, se decida, em breve, a parar no bem-me-quer.
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