sábado, 15 de janeiro de 2011

A lucidez, ou falta dela.

Após mais uma viagem intelectual, com passagem por destinos humanamente urgentes e não raros, mais uma vez me encontro surpreendido pela capacidade que alguns escritores têm, repito, alguns, para dizer o que quase todos nós pensamos, mas não temos capacidade nem coragem de o fazer. O "ensaio sobre a lucidez" remeteu-me para pensamentos que de tão frequentes e tão actuais, quase passam pela calada. Abordando em quase toda a acção o carácter humano, facilmente reparamos que a nossa conduta consegue descer aos poços profundos do vermelho do inferno quando em situação de contrariedade vemos que vamos sair derrotados. Mais inexplicável é o facto de que as pessoas capazes das atrocidades universais , nacionais, locais ou pontuais são na maioria das vezes pessoas das mais intelectuais. Engraçado, até rima, como um poema perfeito.

Estamos no tempo em que os fins não precisam de meios e em que a raça humana regressa aos combates selvagens de outrora. Com uma pequena diferença; hoje em dia, com algum conhecimento de linguística, uma palavra bem empregue aqui, uma citação de um Nobel além, interpretações diferentes de dois mais dois serem quatro, e sorrisos politicamente poderosos, conseguimos cortar a base da dignidade humana num abrir e fechar de olhos.

Tenho pena, cada vez mais, que à boa moda de umas décadas já passadas, as pessoas não vislumbrem que há quem as queira manter caladas, ignorantes e traduzindo para Português, do antigo acordo ortográfico, Burras. Socialmente o zé povinho insiste somente nas conversas de coreto de aldeia e não acredita que os tubarões facilmente se caçam com arpões. Engraçado, rimou de novo, como um poema perfeito.

A falta de lucidez que tanto nos caracteriza e nos faz cometer coisas obsoletas deveria ter os dias contados. E como diz o Livro das Evidências ; Saberemos cada vez menos o que é ser humano. Lamento.

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