Se formos analisar bem as características do Natal anteriormente enumeradas, repararemos com rápido raciocínio que aquele que deveria ser o ponto mais importante, supostamente claro, é talvez dos pontos menos lembrados; o bebé Jesus. Ora assim sendo, a entrega de presentes, acto simbólico relacionado com o nascimento deste bebé, deixa de fazer qualquer sentido. Parece-me que o dia de natal se tornou um dia de moda, como tantos outros, em que o significado real do dia, passou para último plano, encontrando apenas um caminho para que a economia, se possa aproveitar dessa data para empobrecer ainda mais as pessoas, pessoas essas que têm de "mostrar" estar socialmente bem quando se reúnem em magno encontro familiar.
É tão bom recordar os tempos em que as pessoas recebiam uns sapatos novos no natal e ficavam com um brilho nos olhos e andavam com os sapatos novos semanas a fio com um orgulho estampado no rosto. Hoje em dia vulgarizaram-se as prendas; recebemos prendas pelo natal, pela Páscoa, pela positiva a matemática, por tudo e por nada. Pior que isto ter chegado ao ponto que chegou, é nem sequer pensarmos um pouco que seja, 10 segundos, 5, nas pessoas que não têm sequer possibilidade de ter uma refeição quente no dia de natal. Pessoas para quem uma playstation, uma game-boy, uma viagem ao Dubai ou um carro topo de gama, não significam rigorosamente nada comparando com um prato de comida quente.
Como não posso alterar esta realidade podendo somente lamentá-la, deixo pelo menos um pedido; quando pensarem num presente, lembrem-se daquilo que vos faz viajar de forma barata, que vos dá cultura e desenvolve o vosso espírito crítico e que contribui, mais que quase tudo para o vosso crescimento pessoal. Ofereçam livros.