terça-feira, 22 de junho de 2010

Ao Miemat !

A todos. Desde Setembro passado, que fazem parte da minha vida, e espero contudo, continuar a utilizar este tempo verbal do verbo fazer, apesar de uma precoce ida por um caminho diferente que eu espero me traga frutos de melhores colheitas. Não me esquecerei de nada nem ninguém, nem mesmo quando o silêncio reinar, porque reinará, como circuntância comum e vulgar da vida, mas ainda assim farei com ele seja interrompido por rasgos de palavras, comunicações e sinais para o norte do país.

Gostaria de me dirigir directamente ás pessoas que me marcaram, embora invisível e silenciosamente:

- Ao Duarte, à Sara, à Joana, à Manuela, à Andreia, um grande obrigado pela companhia de tantos e tantos jantares, de tantas e tantas horas, de tãos bons momentos. Ficam ligados de forma muito especial. Devo confessar que vejo em voçês, a liderança, a moral e a determinação que se pede para vencerem dentro e fora da Universidade e liderarem as batalhas de Engenharia de Materiais.

- À Isabel, à Helena, à Bianca e à Margarida, vizinhas do prédio da frente além de colegas de curso, um obrigado pela vossa simpatia , amizade e apoio. Partilhámos algumas alegrias juntos. As alegrias passam, mas as recordações ficam, mesmo que vagas. Comigo ficarão.

- À Sónia e à Marta, um enorme agradecimento pela paciência que tiveram comigo, e desde já um grande pedido de desculpas por terem ficado na mão em Laboratórios. Com voçês partilhei dos poucos pontos altos de sucesso escolar em Ciências de Materiais I e Física A. Funcionámos muito bem, e voçês vão muito longe com o vosso espírito empreendedor. Obrigado.

- Ao Davide, pelas longas horas de conversa.. Por tanta opinião debatida.. por tanta maturidade da tua parte.. e por toda a tua insumissão perante hipócrisias, que as há em todo o lado, aqui fica um grande abraço de um amigo que estará sempre algures na estrada que te levava á Covilhã.

- Ao Pinto, grande Pinto. Respeito-te muito, e para mim foste das pessoas mais maduras com quem lidei ao longo de todo o ano. És integro, honesto, de convicções fortes, bom conversador, bom observador e bom avaliador do mundo que te rodeia. Aplica-te e verás que vais bem longe na vida. Um eterno obrigado pelas duas tardes em que me ajudas-te a desmontar o meu estáminé em Guimarães; sem a ajuda tinha sido uma semana.

- Para terminar , gostaria de me dirigir a uma pessoa que respeito muito mesmo, e da qual recebo também o mesmo trato. Ao Teck. Jovem, conheci na vida poucas pessoas com a tua capacidade escolar. Completamente abstraído do mundo és capaz de, mesmo sem atenção nenhuma, responder ás perguntas mais estranhas e complicadas... mas isto, quando queres. Saberás com certeza que certas coisas podem dar gosto e cheiro á tua vida, mas que , como todos somos feitos de carne e osso, o corpo tem um limite, o cérebro tem um limite, tu tens um limite. Não queiras passar essa fronteira, porque as malas intelectuais normalmente ficam retidas na alfândega, e tu, acabas sozinho, sem nada, quando um dia tives-te na mão, ou melhor, na cabeça, o tudo que quase ninguém tem. E porque sei que veneras Hip Hop, embora o ouças sempre num sentido de relatos de decadência, eu como mc , escrevi para ti estas palavras:

Orienta sempre a tua vida por caminhos rectos,
Se caminhares envolto em escuro mantém os olhos abertos,
Só tu podes decidir o caminho a percorrer,
rumo ao maior fracasso ou ao maior poder.
Olha bem ao redor para todos os que te rodeiam,
e analisa o que achas que eles para ti anseiam;
se te levam á Vitória por caminhos de Glória,
ou se pintam de negro a tua página de História.
Se é complicado largar? Claro que é tá mais que visto,
Mas tu vais ganhar se gritares alto: NÃO DESISTO.
E eu vou tar aqui para te dar um grande abraço,
quando tu perceberes que tens que dar esse passo !


- E a todos os restantes, de todos os anos do curso, por todos os momentos passados, orgulho-me de ter estudado nesta casa, muito graças a voçês.

E porque a vida continua, e o blog também...

Um até já..de quem estará sempre aqui.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Por tudo, para ti, José Saramago !

Por tudo. Primeiro que tudo o resto, por toda a tua insubmissão, independentemente do tema. Aqui reside para mim, a palavra que mais te caracteriza: insubmisso. Sem nunca te venderes á ideologia de ninguém, sem nunca te condicionares pelo túmulto que as tuas palavras pudessem causar, sem nunca cederes nas maiores controvérsias que enfrentas-te, sem nunca recusares ou esconderes o teu brilhante génio interior, imortalizas-te o teu nome para sempre na nossa cultura, na nossa sociedade e naqueles que te seguiam no teu inconformismo.

Seguis-te o teu rumo por paragens, digamos que, tão tuas, rumo esse criticado por nacionalistas de café, políticos de esquina ou ideólogos de coreto de aldeia, seres condicionados pela visão do seu próprio umbigo e mentalmente limitados, graças á abertura que trouxes-te ao nosso tempo, destapando crenças e denunciando páginas rasgadas.

De ensaio em ensaio, viajas-te em jangadas de pedra, pedra preciosa que ias lapidando ao longo de linhas históricas e eternas, e nem mesmo quando as intermitências da tua morte começaram a dar sinais de si, abdicas-te de nos permitir a leitura do testemunho legítimo e desejado do Caim, que ainda hoje brinca ao gato e ao rato com o amigo com quem partilha a história; os leitores saberão quem é.

Mereces um Memorial, mereces que ensaiem sobre ti, e por respeito ao que nos deixas espalhado pelo mundo em língua portuguesa, mereces que a cegueira que invade constantemente a nossa sociedade se dissipe, e que a lucidez, a verdadeira e pura lucidez, invada a nossa capacidade de pensar, decidir e agir.

Não me despeço sem deixar aqui , uma frase de Pessoa, que também a ti te disse muito.

" Põe quanto és, no mínimo que fazes ".

Por ti, José Saramago.

P.s. - Com todo o respeito, a personagem literária que neste momento mais me ocorre, é o Elefante Salomão, de " A viagem do Elefante ". Após tanto esforço, partiu incompreendido. Do sítio de onde estás, escreve-nos.