De armários de ingratidão,
E já nem num retrato,
Vejo um rascunho intacto,
De um passado que voa em contramão.
Tudo foi vendido a nada,
Ficou pó nas gavetas que somos,
Talvez fosse a vida, errada,
Humildade uma palavra inventada,
A definir o que no fundo já fomos.
Mas liberto deste sonho que morto,
Já não respira pra dar ar a ninguém,
Levo o meu corpo para chegar a um porto,
Por um caminho sem marés e tão torto,
Já sem esperança de ver sol em alguém.