Talvez regressar à estrada após tanto desejar mais uma viagem seja das melhores sensações a sentir. Talvez regressar contigo, de outra forma e com esta ligação, transforme os sentimentos já por si gigantes em montanhas de recantos, de sossegos, de silêncios, de paisagens de cortar a respiração, de lagoas e vales imensos. Talvez os sentimentos aqui ganhem expressão, asas, voz e se transcendam a si mesmos nas palpitações aceleradas de um coração que se inspira ao sabor de oxigénio puro e crescente à medida que se sobe no sonho e na montanha.
Talvez continuar a encher a gaveta das mágicas recordações da vida seja um motivo, talvez escrever a própria vida seja o objectivo fundamental, o certo é que será impossível esquecer cada momento desta nossa ascensão. Mesmo todas as fotografias que tirámos, nenhuma delas tem a capacidade de descrever o momento tal qual nós o sentimos e tal qual o guardámos em nós. As paisagens não mais do que isso, locais que guardamos temporariamente até talvez esquecer ou voltar para relembrar. Os sentimentos não se esquecem e se lembramos determinada paisagem talvez seja porque ela própria é a descrição do sentimento em questão.
Talvez tenhamos trazido centenas de paisagens, porque e não mais do que isso, trouxemos milhares de sentimentos. Talvez tenha relembrado viagens em sentido contrário em direcção ao norte, na aurora de tudo, no inicio dos inícios, da viagem que nós próprio temos sido. Nunca deixemos de ser viajantes desta nossa existência. Continua a ser incrível a forma como temos a sincera capacidade de confessarmos os nossos sentimentos simplesmente com um olhar. Por vezes simplesmente num toque destapamos uma emoção, e em todas as vezes tocamos mesmo o coração. Talvez tenha muito mais a subir contigo do que o ponto mais alto de Portugal.
Somos muito mais que uma lagoa comprima ou um vale glaciar silencioso. Somos os passos que lá deixamos, somos a memória que de lá trazemos, somos a vida que nestes dias escrevemos.
E porque as montanhas são a personificação da vida, vamos conhecê-las, vamos superá-las, vamos desfrutar da sua imensidão e vamos, lado a lado, chegar sempre um bocadinho mais alto. Porque somos cada vez mais, um pedaço de algo que transcende a generalidade do mundo.