quinta-feira, 28 de julho de 2011

Caminhando.

Um dia alguém disse: " Mesmo que a rota da minha vida me conduza a uma estrela, nem por isso fui dispensado de percorrer os caminhos do mundo." Não sei para que estrela caminho nem tão pouco se essa estrela agora mesmo se encontra viva, se a luz que me chega não serão simplesmente restos de energia em forma de luz que ainda caminham os longos anos-luz que me separam desse astro, que no entanto pode já estar morto. Nada me é garantido. Que me adianta sonhar com um sol ainda mais perfeito que o nosso, se a estrela para a qual possivelmente caminho já se encontrar extinta? Daí não ter sido dispensado de percorrer os caminhos do mundo. Não sei se o autor, muito mais especialista do que eu nas palavras teria concebido aquela frase com base numa ideia semelhante à minha. Contudo, para que estas palavras agora escritas sejam coerente, refugiar-me-ei apenas no meu ponto de vista.

Cansado de planear o futuro, e de me cruzar pelos caminhos da vida, com estrelas já apagadas, recheadas de tripulantes azarados, apanhados nas malhas da escuridão humana, que tornam este planeta uma selva inimaginável, decidi trocar os T.G.V'S mentais, os Concordes sentimentais e os Vaivém sociais pelos meus próprios pés, finalmente assentes em terra firme e que preenchem a agenda da vida, passo após passo, dando tempo ao tempo, mesmo que com algumas trocas de pés e algumas pedras no caminho.

Lamento simplesmente, dada a observação que nos é permitida andando a pé, deparar-me com o desmoronamento da juventude de hoje em dia, do seu carácter, da sua fraqueza de espírito e da forma como são influênciados pela moda, mesmo que a moda traga cancro dos pulmões e cirrose hepática antes sequer de serem adultos. Lamento também, e neste tema repito ideias anteriores, a existência de " relações Gillete"; usar e deitar fora. Continuarei a acreditar, acho que até ficar senil ou até mesmo à minha morte, que o crescimento de uma pessoa em sociedade está no seu carácter, nos seus valores e na forma como não se vende às ideias gratuitas.

Assim, com a minha mochila, cheia de pedras em que já bati, mas também com muitos mapas que já ganhei, percorrerei os caminhos da vida, em busca do pôr-do-sol perfeito, esperando a estrela a que estou destinado, se o destino existir. Mas não deixarei de caminhar.

Confesso por fim, que sou apaixonado por olhos e acima de tudo, por olhares. São espelho da alma que temos ou que infelizmente já deixámos de ter...

E deixo a questão do mesmo autor:

"...Dirão, em som, as coisas que, calados, no silêncio dos olhos confessamos?..."