Não era uma vez. Perpetuou-se o facto de a amargura e a solidão, apesar de muito bem acompanhado, se terem vinculado a mim com uma espécie de contrato vitalício que teima em não cessar. Quem também diz olá com alguma regularidade é a angustia, essa que com a sua voz estridente e insuportável nos acompanha a dois palmos dos ouvidos para onde quer que nós vamos. Em efeito dominó aparece a dúvida, sendo esta talvez a pior de todas as consequências da amargura e da solidão. Como um berro proveniente de um megafone ecoa na minha cabeça de forma desconcertante a expressão: Porquê? Só que esta expressão gravada no microfone no modo de repetição, atormenta todas as minhas acções desprogramando por completo a minha programação mental. Vejam lá caros leitores, que estes malditos parasitas até parece que fazem o coração bater mais lentamente como se de repente parasse de vez. Que estupidez, infelizmente real. Só gostava de perceber um pouco mais de algoritmia porque de facto a nossa mente não é mais do que uma sequência de acções que executamos e que podemos ter capacidade ou não de manipular. Eu não tenho essa capacidade e por isso sou refém de mim próprio para mal dos meus pecados contabilizados um a um por esse deus enunciado na primeira linha do algoritmo da vida de todos os mortais. Lá está, programação.
Gostaria um dia de saber lidar comigo, pelo menos tanto quanto consigo lidar com os outros. Gostaria também de nem sequer pensar nisso e simplesmente viver o presente.
Gostaria de viver a felicidade em todas as suas dimensões.
Gostaria de muita coisa, mas eu sou o meu próprio problema.