quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Cedência e rotura.

Na raridade que é a minha vinda a estas paragens, hoje falarei de mim. Não por ser mais importante do que qualquer outra coisa mas simplesmente e por muito estranho que possa parecer, porque também sou gente. Hoje tentei elaborar o meu gráfico de tensão Vs deformação. Hoje tentei calcular o meu módulo de elasticidade, porque no fundo todos temos esta característica inerente à nossa estabilidade. Hoje tentei conhecer um pouco mais de mim.

Tantas vezes já me questionei se sou frágil ou dúctil, e ainda hoje, tantos anos depois de procurar conhecer-me verdadeiramente, não tenho resposta para esta questão. Por vezes julgo ter ponto de cedência perfeitamente distinto do ponto de rotura, mas não poucas vezes me encontro completamente partido no primeiro instante. No fundo, sei que a cedência fala mais alto, e por vezes na minha vida aguento mais do que qualquer provete aguentaria. Contudo, dada a minha elevada contaminação espiritual esporádica, virose que se passa por essas ruas onde circulo, o ponto de rotura aparece antes do esperado. Lá está, valores reais contra valores teóricos. Era tão bom que a teoria fosse sempre linear. Assim fosse, toda gente se amaria pelo mundo e haveria muitos mais " E foram felizes para sempre ". É tudo uma questão de resultados experimentais.

No meu caso, os cálculos estão feitos sem desvio padrão. Desta forma não me assusto com o erro cometido, e continuarei acreditar que sou compreensivo e tolerante com as pessoas. Ou seja, tenho ponto de cedência, seja ele alto , ou baixo. Só lamento cruzar-me no meu caminho com tanta fragilidade e com tanta rotura.

Concluindo, o meu Módulo de Elasticidade é muito reduzido; é preciso puxar, puxar para me conseguir partir. Azar o vosso.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Miseravelmente apáticos.

Hoje é dia de greve. Hoje é dia de protesto. Hoje é dia de tudo e de nada. Hoje é dia de luta mas no fundo é dia de descanso. Hoje é dia de trazer para a rua de uma só vez a calamidade, a vergonha, a pobreza, a mentira, a hipocrisia e a incerteza em que Portugal se tornou. Hoje é dia de mostrar ao mundo que a grande potência do tempo colonial se converteu na pequena colónia isolada na ponta da Europa, que vive à mercê da mentira e de uma pura e arrogante fachada. Bem vindos a Portugal.

Neste país à beira mar plantado, já ninguém acredita na politica. Não adianta acreditar. Tudo funciona na base da mentira, já nem é na base da promessa. É simplesmente na base do omitir, que no fundo é mesmo mentir. Já nem de boas intenções aquele inferno está cheio. Já é demasiado perceptível que as pessoas se desligaram completamente do que se passa politicamente em Portugal, e este país, tornou-se completamente descrente. Ninguém acredita que possam existir pessoas com boas ideias. Porque já são muitos e muitos anos de falsidade, de nojo, de repulsa, perante aqueles que brincam com as nossas vidas.

Dizia um Professor Universitário :" Portugal é um país culturalmente miserável, dos mais miseráveis da Europa, mas continua a ser um país de Doutores e Engenheiros. " Não lhe posso dar mais razão. A fachada com que se vive em Portugal é deprimente. É um país de pessoas que não lêem, de pessoas que não conhecem a sua própria história, de pessoas que quando falam na televisão envergonham todos os dicionários da nossa língua. É um país de encosto, onde trabalhar pelo salário mínimo não vale a pena. É um país de gente muito fraca onde faltam muitos " Senhores Nabeiros" ( para quem é inculto e não sabe quem é o senhor, investigue ).

É um país parado que hoje me tira um dia de Universidade. Pior que isso. É um país que hoje me priva da Biblioteca da minha Universidade. Pior que isso. É um país que tem mais discotecas que bibliotecas.

Senhoras e senhores. É Portugal.